Atendimento a bebê “reborn” gera polêmica em Itajaí

Em um episódio curioso registrado em 2025, a cidade de Itajaí teve um atendimento inusitado solicitado na rede pública de saúde. Uma mulher procurou a Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque do Agricultor, que atende diversas comunidades na zona rural do município, com um pedido peculiar: a simulação da aplicação de vacina em uma boneca “reborn” de sua filha, uma criança de apenas 4 anos.

Segundo informações da secretaria de Saúde, o pedido ocorreu no dia 16 de janeiro, mas só ganhou destaque em uma reunião solicitada pela NSC Total na terça-feira passada (20). O atendimento às bonecas “reborn” permanece o único desse tipo registado até o momento.

Inicialmente, a atendente da UBS acreditou que a solicitação se tratava da vacinação da criança. Durante o atendimento, pediu a carteira de vacinação da menina. Contudo, a mulher logo esclareceu que o pedido era, na verdade, para a boneca, e que desejava filmar o momento para compartilhar nas redes sociais.

Face à demanda, a equipe da UBS explicou que não poderia realizar o procedimento, uma vez que isso acarretaria desperdício de insumos públicos, incluindo seringas e agulhas, que devem ser usados unicamente para atender pessoas reais, tanto crianças quanto adultos.

Descontentes com a negativa, a mulher argumentou: “o que tem? É só abrir uma seringa, só abrir uma agulha e fingir que deu”. Mesmo assim, os profissionais de saúde reiteraram a recusa em simular a vacinação.

Com a insistência não resolvida, a mulher deixou a UBS. Na ocasião, a gestão do posto emitiu um comunicado, alertando sobre a possibilidade de a mulher buscar esse tipo de atendimento em outras unidades, mas não houve registros de novos pedidos desde então.

Vale ressaltar que, segundo a secretaria do Estado de Saúde (SES) de Santa Catarina, não constam pedidos similares em hospitais estaduais.

Projeto de lei visa regulamentar atendimentos a bonecas

Em resposta ao ocorrido, um projeto de lei foi protocolado na Câmara de Vereadores de Itajaí. A proposta, de autoria do vereador Beto Cunha (Republicanos), visa proibir o “atendimento médico para bebês reborn e outros objetos inanimados nas unidades públicas municipais de saúde”. O objetivo é evitar confusões e o desperdício de recursos públicos, além de prevenir riscos à saúde pública.

Na justificativa do projeto, o vereador ressalta que “milhares de crianças e adultos aguardam por atendimento médico nas unidades de saúde e possivelmente não serão atendidos em razão de terem bebês reborn ocupando espaço nas filas de espera”. Entretanto, até o momento, não há registros em Itajaí de pessoas que tenham perdido atendimento devido a esse tipo de solicitação.

O projeto será analisado e debatido na sessão da câmara marcada para esta terça-feira (20).