postado em 13/02/2025 16:44
Livro didático alemão traz personagem brasileiro que diz que não vai à escola e procura comida no lixo – (crédito: Reprodução/’ABC der Tiere – Sprachbuch 4′)
A Embaixada do Brasil em Berlim publicou uma nota em que repudia um trecho de um “livro pretensamente didático” alemão que reforça preconceitos e estereótipos acerca do povo brasileiro. No conteúdo, uma criança do Rio de Janeiro é descrita como alguém que não estuda, se alimenta do que encontra no lixo e sonha em ser jogador de futebol.
Em comunicado publicado no Instagram, a editora Mildenberger — responsável pelo ABC der Tiere – Sprachbuch 4, utilizado em escolas da Alemanha — admite a responsabilidade pelo trecho e anuncia que uma nova versão do texto já está disponível para download.
O conteúdo original apresenta um personagem fictício chamado Marco. “Olá, meu nome é Marco”, diz ele no livro. “Eu moro no Rio de Janeiro/Brasil. Eu não vou à escola. Pela manhã, procuro por restos de comida em latas de lixo. Eu quero ser um jogador profissional de futebol.”
(foto: Reprodução/’ABC der Tiere – Sprachbuch 4′)
De acordo com a representação brasileira na Alemanha, a injustiça social é um problema real no Brasil, no entanto, a taxa de escolarização de crianças entre 6 e 14 anos, segundo dados de 2023, atinge 99,4%.
Além disso, a embaixada destaca que os esforços para garantir o acesso à educação são reconhecidos mundialmente, servindo de referência para países em desenvolvimento pelo Banco Mundial, pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura).
A gestão do presidente Lula atribui grande importância à educação e ao combate à fome. Programas como ‘Bolsa Família’, ‘Criança Alfabetizada’, ‘Escola em Tempo Integral’ e ‘Proinfância’ têm promovido avanços significativos no acesso à educação de qualidade e na luta contra a pobreza.
O programa de merenda escolar também é destacado como referência pelas autoridades alemãs. O Bolsa Família realiza acompanhamento do estado nutricional de crianças menores de sete anos, além de exigir frequência escolar mínima para crianças e adolescentes de 4 a 18 anos.
A embaixada lamenta “a abordagem insensível e pouco informada da editora Mildenberger”, que, segundo comunicados, perpetua estereótipos que preocupam o impacto na formação das crianças que leem o livro. “Como um texto assim pode ser considerado didático é algo que nos intriga”, diz a mensagem da embaixada.
Após a repercussão negativa, a editora disponibilizou uma nova apresentação para o personagem Marco: “Olá, meu nome é Marco. Eu moro no Rio de Janeiro/Brasil. Minha disciplina favorita é ‘esportes’. Eu gosto de jogar futebol com outras crianças. Meu sonho é me tornar um jogador profissional de futebol.”
Em um comunicado oficial, a editora assumiu a responsabilidade pela representação negativa. “Recebemos feedback válido sobre a retratação de uma criança brasileira em um de nossos livros escolares. Lamentamos” foi a mensagem divulgada pela empresa. “Pedimos sinceras desculpas à comunidade brasileira e a todos os leitores afetados”, afirmaram.
Comentários nas redes sociais refletem a indignação de brasileiros, incluindo relatos pessoais que contrariam a narrativa do livro. Um médico brasileiro, por exemplo, ressaltou que sua trajetória também começou em escolas públicas e que as dificuldades enfrentadas não se limitam ao estereótipo apresentado.
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