Você sabia que a infecção por arboviroses, como dengue, chikungunya e febre do Oropouche, pode levar a estados de confusão mental? Especialistas apontam que, com o aumento no número de casos dessas doenças, cresce também o registro de pacientes apresentando essa condição.
O neurologista Arthur Ferreira Xavier, do Afecc-Hospital Santa Rita, explica que a confusão mental, durante uma infecção por arbovirose, é uma situação relativamente comum, especialmente entre pessoas idosas. “Chamamos isso de delirium”, destaca o médico.
O delirium, segundo Xavier, é uma resposta do cérebro a uma agressão externa. “O paciente pode apresentar alterações na atenção e na capacidade cognitiva, dificultando a realização de tarefas complexas. Isso pode levar a oscilações do estado de consciência, manifestando-se em períodos de sonolência ou agitação”, explica.
A predisposição a essa condição geralmente está associada a pacientes com baixa reserva cognitiva, como aqueles com histórico de demência ou AVC, o que torna os idosos mais suscetíveis aos efeitos da infecção.
Além disso, Xavier alerta que, em casos em que há infecção do sistema nervoso central, resultando em encefalite e meningoencefalite, a confusão mental se torna um dos sintomas mais significativos e intensos, podendo afetar também pacientes mais jovens, inclusive crianças. “Esses casos são mais raros e graves”, observa.
Mas o que leva à confusão mental em pacientes com dengue? Guilherme Coutinho de Oliveira, coordenador do Serviço de Neurologia da Afecc-Hospital Santa Rita, compartilha que as causas ainda não são totalmente compreendidas, mas algumas teorias foram formuladas.
Uma das possíveis explicações envolve a ação direta do vírus da dengue no sistema nervoso central, provocando inflamação e danos neuronais. Outra hipótese é a resposta inflamatória do sistema imunológico, onde o próprio corpo produz substâncias que podem afetar o funcionamento cerebral. Além disso, a dengue pode comprometer a coagulação sanguínea, resultando em pequenos sangramentos ou tromboses no cérebro.
As consequências dessa confusão mental variam bastante. Segundo Coutinho, em casos de encefalite e meningoencefalite, os sintomas podem desaparecer em algumas semanas ou meses, enquanto em outras situações mais graves, podem perdurar por períodos prolongados ou até se tornar permanentes, deixando sequelas.
Emergência de Arboviroses
O aumento de casos de dengue, chikungunya e febre do Oropouche está se tornando uma preocupação crescente. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) mostram que, até meados de fevereiro, já haviam sido contabilizados 9.906 casos de febre do Oropouche, 561 de chikungunya e 5.966 de dengue, totalizando mais de 16 mil registros neste ano.
Ao considerar os casos sob investigação, o total ultrapassa as 32 mil ocorrências. O subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, ressalta que a expectativa é que as notificações aumentem até maio, mês marcado por altas temperaturas e chuvas, condições que favorecem a proliferação de mosquitos.
A Sesa implementa diversas estratégias de prevenção contra essas doenças, como campanhas educativas que visam conscientizar a população sobre formas de evitar a febre do Oropouche. Além disso, mais de dois mil profissionais estão sendo treinados para melhorar o atendimento, uma vez que essas doenças apresentam sintomas semelhantes.
As ações de combate ao Aedes aegypti incluem a aplicação de borrifação residual em residências em 78 municípios, além da instalação de ovitrampas, que servem para monitorar a presença do mosquito nas regiões.
Cardoso ainda destaca o desafio que é sensibilizar a população sobre a importância de manter os ambientes limpos e livres de focos do mosquito. “Atualmente, 75% dos focos estão dentro das residências”, conclui.
Saiba Mais
Mais sobre as doenças:
Dengue
- Vetor: fêmea do mosquito Aedes aegypti.
- Sintomas: febre alta, dores no corpo e atrás dos olhos, vômito, vermelhidão na pele e fadiga.
- Prevenção: mantenha os quintais limpos, eliminando objetos que acumulem água, e vire garrafas de boca para baixo.
Chikungunya
- Vetor: mosquito Aedes aegypti.
- Sintomas: febre, dores intensas nas articulações, edema e dor nas costas.
- Prevenção: as mesmas precauções referentes à dengue.
Febre do Oropouche
- Vetor: inseto Culicoides paraensis (maruim).
- Sintomas: dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia.
- Prevenção: evite áreas infestadas, mantenha limpos os locais de criação de animais e use repelentes.
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