Desigualdades na Saúde: Um Chamado à Ação da Santa Sé
Na 58ª Sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento, realizada em Nova York, o arcebispo Dom Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, fez um pronunciamento contundente sobre as desigualdades que ainda persistem no setor da saúde mundial. Ele enfatizou a urgência de um compromisso que promova não apenas o bem-estar das populações, mas que também respeite a dignidade intrínseca de cada ser humano.
Dom Caccia observou que muitos países em desenvolvimento estão destinando recursos significativos ao pagamento de dívidas, ao invés de investir nas necessidades fundamentais para garantir a saúde de suas populações. Segundo ele, essa prática é “não apenas uma injustiça econômica, mas também um escândalo moral que exige uma ação imediata”. O discurso enfatizou o tema da sessão: “Garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”, sublinhando a necessidade de políticas que coloquem as famílias no centro das atenções.
Desafios Persistentes na Saúde Global
Durante sua fala, Dom Caccia salientou que, apesar dos avanços significativos nas últimas décadas em questões de saúde e bem-estar, ainda existem desafios críticos que afetam especialmente as populações mais vulneráveis. A mortalidade materna e infantil, por exemplo, continua “inaceitavelmente alta” em diversas partes do mundo. “Milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente de causas evitáveis, como desnutrição e doenças infecciosas”, alertou o arcebispo.
Para Dom Caccia, a solução para o desenvolvimento e saúde de todos passa pelo reconhecimento e enfrentamento das desigualdades no cuidado com a saúde. Ele destacou que “milhões de pessoas em países de baixa renda não conseguem arcar com os custos dos cuidados médicos básicos”. Essa situação é ainda mais crítica devido ao “peso esmagador da dívida” que dificulta a alocação de recursos para questões essenciais como a erradicação da pobreza, acesso à saúde, nutrição e água potável.
A Dignidade Humana e o Papel da Família
O arcebispo também enfatizou que os desafios na saúde não devem ser tratados como meras questões técnicas. Ele defendeu uma “abordagem holística” que priorize a pessoa e sua dignidade, reconhecida como dada por Deus em cada fase da vida. “A promoção da saúde e do bem-estar deve sempre começar com um firme compromisso com a dignidade intrínseca de cada pessoa, desde a concepção até a morte natural”, afirmou.
Em seu discurso, Dom Caccia ressaltou a importância de implementar políticas que fortaleçam as famílias, consideradas a “pedra angular de uma sociedade saudável e próspera”. Ele descreveu a família como o primeiro ambiente onde as crianças aprendem valores como solidariedade e responsabilidade. “É também o espaço onde frequentemente se cuida dos mais necessitados, como crianças, idosos e pessoas com deficiência”, acrescentou.
Para o arcebispo, políticas que garantam a estabilidade, a unidade e os direitos das famílias são essenciais para criar as condições necessárias para o bem-estar de todos os seus membros e, por extensão, promover o bem comum. Essa ênfase nas famílias é vista como uma estratégia vital para enfrentar as diversas desigualdades presentes na sociedade contemporânea.
O discurso de Dom Gabriele Caccia na ONU não só expõe a realidade alarmante das desigualdades na saúde global, como também clama por uma mobilização significativa para enfrentar esses desafios. Com um foco claro na dignidade humana e no fortalecimento das famílias, o apelo é por uma nova abordagem que priorize a vida e o bem-estar de todos.
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