A Apple e o Bug do Ditado: Entenda o Que Aconteceu

A Apple anunciou que está trabalhando para corrigir rapidamente um bug que afetava sua função de Ditado do teclado. O problema levava à troca, por um breve momento, de palavras que continham a consoante “r” — como “racista” — por “Trump”.

Esse fenômeno se tornou viral após a divulgação em um vídeo no TikTok, onde foi rapidamente explorado por comentaristas de direita. A polêmica surge em um momento em que a empresa, avaliada em US$ 3,7 trilhões, busca alinhar sua relação com o governo de Donald Trump.

Em uma declaração feita na última terça-feira (25), a Apple mencionou estar ciente do problema relacionado ao modelo de reconhecimento de fala que alimenta o recurso de Ditado e que uma correção estava sendo implementada. A empresa explicou que a falha foi resultante da sugestão de palavras que apresentam uma certa “sobreposição fonética”, o que, nesse caso, sugeria “Trump” ao invés de palavras como “racista”.

Usuários das redes sociais rapidamente postaram vídeos mostrando a falha, e o comentarista Alex Jones, conhecido por suas opiniões extremas, chegou a acusar a Apple de “programação subliminar”. Um dos vídeos que exibiu o bug recebeu centenas de milhares de curtidas no TikTok.

Testes realizados pelo Financial Times confirmaram que a sugestão “Trump” aparecia em outras palavras além de “racista”, evidenciando a extensão do erro. Curiosamente, essa falha surge logo após a Apple anunciar um investimento de US$ 500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos, um movimento visto como um bom sinal para a administração Trump.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, destacou os investimentos da Apple em uma coletiva de imprensa, mostrando isso como um sinal do sucesso do presidente em questões voltadas ao mundo dos negócios. A Apple, de fato, se vê em uma posição delicada devido a tensões comerciais com a China e identifica uma oportunidade nas ações de Trump contra a regulação de tecnologia da União Europeia, que busca multar grandes empresas por abuso de poder de mercado.

O CEO Tim Cook, que já tem um histórico de proximidade com Trump, foi um dos líderes do Vale do Silício a destacar-se em eventos como a posse do presidente. A situação dos investimentos da Apple coincide com a recente votação dos acionistas, que rejeitaram uma proposta de uma organização conservadora com o intuito de reverter políticas de diversidade e inclusão da empresa.

A Apple se destaca entre as grandes corporações de tecnologia por resistir à pressão conservadora em suas políticas de diversidade, equidade e inclusão. Durante a reunião com os acionistas, Cook afirmou que, embora a empresa precisará fazer algumas adaptações em resposta a um cenário legal em constante mudança relacionado a essas questões, permanece firme em seu compromisso com tais políticas.

Recentemente, a Apple enfrentou outros desafios relacionados a bugs em seu software. No mês passado, a companhia removeu um recurso de resumo de notícias automatizado que apresentava informações falsas ou enganosas, evidenciando dificuldades em suas atualizações. Além disso, a Apple lançou o Apple Intelligence, um conjunto de recursos de inteligência artificial generativa que visa impulsionar as vendas do iPhone, mas a recepção foi mista, deixando a empresa em observação por parte dos consumidores.