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O renomado poeta brasileiro Augusto de Campos, um dos maiores nomes da poesia contemporânea, nos brinda com seu último livro, Pós Poemas. Aos 94 anos, ele revela em entrevista a Claudio Leal: “não dá mais pra mim”. Este trabalho de despedida mantém a poesia como um núcleo de transformação e uma ferramenta de análise do mundo, ao mesmo tempo em que desafi a o formato tradicional do poema.
Em suas palavras, o poeta critica a produção atual: “hoje, com raras exceções, a poesia não tem melodia. As pessoas não têm ouvido”. Ele menciona que a poesia se transforma em prosa à medida que se distancia da música, refletindo uma crítica ao que define como “demonocracias” presentes no cenário político atual.
Augusto, que também é tocador de gaita e tradutor, expressa que Pós Poemas o deixa “quite com a vida”: “Hoje, quem faz 60 anos tem 50. Quem faz 70, tem 60. Mas quem faz 90 tem 90 mesmo”.
Acabou de Chegar
“O Crematório Frio” (trad. Zsuzsanna Spiry, Companhia das Letras, R$ 89,90, 256 págs.) abrange a complexa questão de como escrever sobre o Holocausto. Publicado pela primeira vez na Iugoslávia em 1950, este relato do jornalista József Debreczeni apresenta vivências dos campos de concentração de forma direta e sem sentimentalismos. O crítico Alex Castro aponta que a obra, diante de produções como “A Vida É Bela” e “O Menino do Pijama Listrado”, corre o risco de soar banalizada.
“Vida, Velhice e Morte de uma Mulher do Povo” (trad. Luzmara Curcino, Âyiné, R$ 119,90, 320 págs.) mescla biografia, literatura e sociologia pelo olhar de Didier Eribon, ao narrar a internação de sua mãe em uma clínica geriátrica. A obra revela as emoções complexas do autor — como angústia, vergonha e culpa — enquanto confronta as dificuldades enfrentadas por idosos em uma sociedade que exalta a juventude, conforme observa o crítico Ronaldo Vitor da Silva.
“Catorze Dias” (trad. Marina Vargas, Rocco, R$ 94,90, 384 págs.) é mais do que um livro; é uma colaboração de 36 autores voltada para arrecadar fundos a uma instituição que ajuda escritores americanos durante a pandemia de Covid-19. Organizado por Margaret Atwood e Douglas Preston, o romance retrata a vida de vizinhos durante o lockdown. A crítica Luisa Destri ressalta que, apesar de sua profundidade temáticas, a obra apresenta falhas em sua qualidade literária.
E mais
Oito contos inéditos de Harper Lee, que estavam perdidos, foram descobertos pela família e chegarão ao Brasil pela Record, segundo informa o Painel das Letras. Essa expansão do catálogo surpreende, especialmente considerando que Lee possui apenas dois livros publicados, um dos quais é o consagrado O Sol É para Todos.
O ator Pedro Cardoso, que acaba de lançar um livro independente, “Dias Sem Glória” (Barraco Editorial, R$ 50, 120 págs.), comentou: “Eu me fiz diferente do que estaria condenado a ser pelo lugar na sociedade e no tempo que me coube existir neste mundo”. Nesse livro, escrito em parceria com o jornalista negro Aquiles Marchel Argolo, ele aborda temas como racismo estrutural e fundamentalismo religioso.
Recentemente, foram lançados os livros “Dono das Palavras”, que narra a vida do avô de um importante líder indígena do Alto Xingu, e “Ardis da Arte”, que explora a lógica dos objetos de arte indígena. Essas obras devolvem a protagonistas suas narrativas aos povos originários do Xingu, um fato destacado pelo jornalista Rafael Cariello, que salienta a ruptura com a tradição de apresentar os indígenas apenas como “outros”.
Além dos Livros
O dicionário Aurélio completa 50 anos, conforme discute o colunista Sérgio Rodrigues. Esta obra, que já foi referência essencial, enfrenta um novo cenário em que a internet começou a dominar as buscas rápidas. Apesar da queda nas vendas, o Aurélio permanece lendário e segue sendo um ícone na referência do idioma português no Brasil.
Em 1955, o jovem Gabriel García Márquez teve que relatar um naufrágio e seu único sobrevivente, tarefa que impulsionou o sucesso de vendas do jornal que publicou suas histórias. A jornalista Sylvia Colombo comenta que essa experiência foi fundamental para a formação do autor que se tornaria posteriormente um dos maiores nomes da literatura.
No período entre 2010 e 2020, manifestantes de todo o mundo se levantaram em busca de mudanças, muitas das quais não se concretizaram. O jornalista americano Vincent Bevins retrata essa era em seu novo livro, descrevendo-a como “a década de revoluções perdidas”. Segundo o autor, muitos protestos, incluindo os de 2013 no Brasil, não alcançaram seus objetivos e, em muitos casos, resultaram no oposto do que se pretendia.
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