Celebrando a Primavera: Um Convite Poético à Renovação

O que se passou no mar? A Primavera pela lente de Javier Sobrino

No universo poético de Plantar o Mundo, o autor Javier Sobrino nos dá as boas-vindas à Primavera com as seguintes palavras: “O mar encheu-se de jacarandás quando a Primavera chegou./ O azul fez-se flor, o verde em folha se tornou./ A espuma dissipou-se e as árvores povoaram a terra.” O cenário retratado evoca memórias de uma infância passada em meio à natureza, no vale das Bajuras, em Pimiango, Asturias. Sobrino teve a oportunidade de vivenciar a transformação de um ambiente natural para um urbanizado, após a mudança da família para Santander, onde a beleza do prado deu lugar ao asfalto e os ciprestes às lanternas urbanas.

Como educador, Sobrino encontrou seu espaço em uma “povoação de montanha e pasto com um bosque”, em Peñarrubia, onde se dedicou a cultivar, junto a seus alunos e alunas, as espécies de árvores ao redor. Posteriormente, estabeleceu sua residência em uma aldeia com um bosque de azinheiras, localizada perto do mar, em Pechón. Ali, deu continuidade a esta relação com a natureza, plantando árvores e flores, um gesto que agora repete com seus filhos, conforme descreve em sua biografia disponibilizada pela editora Akiara Books.

“Com que sonham as árvores?”
Concha Pasamar

A ilustração que nos transporta à natureza

A trajetória de Sobrino se entrelaça com a de Concha Pasamar, a talentosa ilustradora que acompanha seus versos. Pasamar revela: “Em pequena, gostava de tudo o que fosse feito de folhas: desenhar em cadernos, ler livros, brincar e sonhar entre as árvores.” Suas ilustrações no livro oscilam entre a fidelidade à natureza e a criação de ambientes lúdicos que celebram a relação das crianças com o verde ao seu redor, convidando o leitor a descobrir as maravilhas do mundo natural.

As cores vibrantes e a técnica cuidadosa permitem uma imersão em cenários repletos de verde, onde quase é possível sentir o aroma e a brisa das florestas. “As árvores são livres e também cativas./ São morte e vida, flecha e escudo, carta e fogo, casa e gaiola, carroça e barco, carruagem e trenó, ponte e guarda-chuva, guarda-sol e pára-raios, paraíso e alimento, escada e porta, jogo e canto./ Uns dias dão comida; outros abrigam da chuva./ De dia cantam./ De noite assustam. // No Verão oferecem sombra./ No Outono despem-se./ No Inverno dormem./ E na Primavera acordam”, descreve o poema que nos convida à reflexão.

A primeira página dupla do livro apresenta uma casa na árvore, um pequeno barco abaixo e aves que cortam os céus. Na segunda, brotam ramos de um pessegueiro, ilustrando as estações do ano com um pássaro que repousa no inverno e abelhas que dançam em torno das flores da primavera.

“As árvores são livres e também cativas”
Concha Pasamar

A riqueza de detalhes nas ilustrações convida à observação minuciosa, criando uma conexão eficaz entre imagem e verso. O impacto da chegada da Primavera, com suas tempestades e mudanças climáticas, também é refletido na sociedade atual. Recentemente, a estação chegou acompanhada da tempestade Martinho, que causou danos significativos em várias localidades, como evidenciado pelas notícias que abordaram as consequências para pessoas, lares e infraestruturas.

No entanto, em meio a essa força da natureza, fica a pergunta: que espécies de árvores caíram? Que histórias não foram contadas sobre os ecossistemas afetados? Sobrino nos lembra da urgência de plantar e cuidar: “Temos de plantar,/ plantar nas planícies,/ plantar nas montanhas,/ plantar nos vales,/ plantar até nos desertos,/ e encher a terra de árvores./ Temos de plantar o mundo.”

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