Centro Georges Pompidou Acolhe Maratona de Cópias Artísticas antes da Renovação
O icônico Centro Georges Pompidou, em Paris, abrirá suas portas para uma experiência única até a próxima segunda-feira, 24 de fevereiro. O evento reúne 500 copistas que se dedicam a reproduzir as obras expostas no museu, que se prepara para um período de renovação que se estenderá por cinco anos após o fechamento em 10 de março.
O projeto, que promete ser uma maratona artística, é aberto a todas as idades, inclusive crianças, adultos e artistas, tanto os consagrados quanto os amadores. O relógio está correndo, e o convite é claro: venha copiar as 1.300 obras que ocupam os quartos e quintos andares do edifício. Segundo o museu de arte moderna, “queríamos que os visitantes pudessem levar consigo um pedacinho do museu”.
A Iniciativa Inédita
Selma Toprak-Denis, diretora-adjunta dos serviços aos visitantes do Centro Pompidou, destacou que essa é a primeira vez que “tantas pessoas desenham nos corredores do museu”. As inscrições, que abriram em 13 de janeiro, foram um sucesso total. Em apenas três dias, 700 pessoas já haviam se cadastrado para participar.
A ideia do evento nasceu de Simon Gauchet, diretor artístico do coletivo L’école Parallèle Imaginaire, que se inspirou há cerca de dez anos ao observar um jovem realizando uma cópia de uma obra no Pompidou. Ele percebeu que “os visitantes estavam quase mais interessados na obra que estava sendo criada diante de seus olhos do que na original”. Essa epifania deu origem ao Museu Recopié.
Cidadão comum na arte
Entre os participantes, está Gilbert Gucheney, um engenheiro de 56 anos e frequentador regular do museu há três décadas. Mesmo sem ser um artista, ele sentiu a necessidade de fazer parte dessa experiência. “Queria fazer parte da vida do museu. Apesar de imperfeita, contribuirei para criar uma alma imaterial nas obras”, comentou.
Conforme a maratona avança, cópias serão acrescentadas às já existentes nas paredes, permitindo que copistas e visitantes reimaginassem o espaço. “O museu pode ser reorganizado como quiserem, criando novas ligações entre as obras”, explicou Toprak-Denis em relação à dinâmica coletiva do projeto.
Um ritual de despedida
Após o término do evento na próxima segunda-feira, os participantes poderão levar suas criações para casa. “Desejamos que os visitantes possam levar consigo um pedacinho do museu, criando um ritual de despedida”, acrescentou Selma. A motivação de Mathilde Chemouni, uma estudante de museologia de 25 anos, em participar do Musée Recopié, é poder “despedir-se do museu à sua maneira”.
Mathilde revelou que “dedicar um tempo a desenhar e copiar nos ajuda a olhar a exposição como ela realmente é agora e a recordá-la. Nunca mais veremos o Centro Pompidou exatamente da mesma maneira”. Enquanto se preparava para desenhar na frente do quadro “Ritmo, a alegria de viver”, de Robert Delaunay, a estudante refletiu sobre a importância dessa experiência.
Espaços de Criação
Simon Gauchet compartilhou sua crença de que “visitar um museu ativa as mesmas hormonas que a paixão”. Ele defende que o museu deve ser um local de conservação, mas também um espaço de criação, tanto para artistas quanto para aqueles que não se consideram artistas.
A abordagem inclusiva e colaborativa do Centro Pompidou se reafirma visivelmente ao propor essa experiência antes do fechamento definitivo, que ocorrerá gradualmente entre março e setembro. Durante esse período, algumas obras da coleção, que conta com artistas renomados como Frida Kahlo, Henri Matisse e Yves Klein, serão exibidas em outras instituições culturais na França e ao redor do mundo.
Com uma coleção que também abriga obras de Maria Helena Vieira da Silva e um vasto arquivo sobre a arquitetura portuguesa, o Centro Georges Pompidou continua sendo um importante espaço cultural que, após as necessárias reformas, promete voltar ainda mais enriquecido ao público.
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