Como a Colaboração Pode Transformar o Futuro do Bem-Estar Animal no Brasil

O Bem-Estar Animal: Uma Prioridade na Sustentabilidade

Nos últimos anos, o bem-estar animal deixou de ser um tema emergente para se tornar uma realidade consolidada nas agendas de responsabilidade social e sustentável das empresas. O aumento da conscientização e a relevância deste assunto são visíveis em fóruns globais, como os promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2022, a ONU destacou como o bem-estar animal está intrinsecamente ligado a desafios ambientais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, reforçando a ideia de que práticas adequadas de manejo não apenas beneficiam os animais, mas também aprimoram a produtividade e a segurança alimentar.

A crescente pressão sobre o setor agroalimentar para garantir transparência em suas cadeias de suprimento reflete esse movimento. Rastreabilidade e compromisso com altos padrões de bem-estar animal tornaram-se critérios essenciais na avaliação da sustentabilidade empresarial. A utilização de métricas de bem-estar animal, como evidenciado em indicadores globais como o Business Benchmark on Farm Animal Welfare, mostra que investidores estão cada vez mais atentos a essas questões na hora de avaliar a solidez ESG das empresas.

A responsabilidade pela adoção de práticas de bem-estar animal é um esforço coletivo que envolve diversos agentes da cadeia de produção de proteínas. Indústrias, varejistas e fabricantes de ração para pets desempenham papéis cruciais nesse contexto. O setor de pet food, em particular, que utiliza proteínas de origem animal em mais de 90% de seus produtos, tem mostrado um aumento significativo no interesse por questões de bem-estar, revelando a necessidade de uma abordagem colaborativa entre todos os elos dessa cadeia produtiva.

A cooperação entre empresas, produtores, pesquisadores e organizações da sociedade civil pode acelerar mudanças, propiciando uma transição eficaz para um modelo mais sustentável e competitivo. A participação ativa dos consumidores também é fundamental. Quando as empresas e as instituições se unificam para garantir transparência e informar sobre práticas de bem-estar animal, os consumidores tendem a valorizar essas ações, promovendo um ciclo positivo onde a demanda impulsiona melhorias no setor produtivo.

Com o objetivo de fortalecer essa colaboração, a Colaboração Brasileira de Bem-Estar Animal (COBEA) foi criada em 2024 pela startup de certificação Produtor do Bem. A COBEA visa melhorar o bem-estar animal no Brasil, estabelecendo prioridades e enfrentando coletivamente as barreiras sistêmicas que existem. Durante o processo de formação da COBEA, ficou evidente que muitas empresas do setor proteico enfrentam desafios isolados em relação à sustentabilidade e que uma colaboração mais aberta seria bem-vinda, permitindo que todos compartilhassem suas experiências e contribuíssem para soluções conjuntas.

Uma comunicação clara sobre o bem-estar animal e a construção de um entendimento comum sobre os desafios atuais são essenciais para direcionar esforços e melhorar a formação de foco dentro da indústria. A iniciativa serve também como uma plataforma para facilitar o diálogo com organizações tanto no Brasil quanto internacionalmente, promovendo a colaboração em larga escala.

Embora regulamentações sejam necessárias, a verdadeira mudança duradoura depende da colaboração entre os diversos agentes da cadeia produtiva. Para avançar no bem-estar animal em alinhamento com as demandas do século 21, a cooperação é o caminho mais promissor. Essa abordagem não só reduz custos e riscos para todos os envolvidos, mas também fortalece a reputação do setor, abrindo portas para a aceitação dos produtos brasileiros em mercados internacionais.

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Leia a matéria na integra em: agroemdia.com.br

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