Como a Resistência a Antibióticos em Animais de Estimação Pode Impactar a Saúde dos Seus Donos?

Como Proteger Seu Pet contra Infecções e Resistência Antimicrobiana

Cingapura – Seu animal de estimação está enfrentando infecções repetitivas no ouvido? As clínicas veterinárias frequentemente lidam com problemas de pele e ouvido, que constituem uma parte significativa das consultas semanais.

Por trás de uma simples infecção, há uma preocupação maior que tem mobilizado autoridades de saúde pública em todo o mundo. Em setembro de 2024, a Assembleia Geral das Nações Unidas realizou uma importante reunião sobre resistência antimicrobiana (AMR), reafirmando o compromisso político em combater essa crise crescente. A Organização Mundial da Saúde estima que quase cinco milhões de mortes anuais estão associadas a infecções resistentes.

A resistência antimicrobiana ocorre quando micróbios como bactérias, fungos e vírus se adaptam para resistir aos medicamentos que deveriam eliminá-los. Esse fenômeno pode afetar tanto humanos quanto animais.

Ao longo dos anos, o uso inadequado de antimicrobianos, como antibióticos, resultou no surgimento de cepas resistentes. O que antes levava décadas para evoluir agora pode acontecer em apenas alguns anos. Atualmente, todos os antibióticos em uso enfrentam algum nível de resistência, levando a uma corrida entre a evolução bacteriana e o desenvolvimento de novos medicamentos.

Pesquisas recentes mostram que humanos e seus animais de estimação que convivem juntos tendem a desenvolver microbiomas semelhantes, diferenciando-se da flora de animais que vivem fora de casa. Isso levanta uma questão importante: as bactérias resistentes a antibióticos podem ser compartilhadas entre pets e seus donos?

Nas residências onde pessoas e animais de estimação compartilham o mesmo espaço, o uso inadequado de antibióticos por qualquer um deles pode aumentar o risco de proliferação de bactérias resistentes. Como em muitas questões de saúde, a prevenção é fundamental. Aqui estão quatro passos práticos que os tutores de animais devem considerar para minimizar os riscos de AMR em casa.

1. Adquira filhotes e gatinhos de fontes confiáveis

Filhotes e gatinhos criados de maneira não regulamentada frequentemente enfrentam problemas como defeitos congênitos e sistemas imunológicos enfraquecidos. Esses fatores aumentam a probabilidade de contrair infecções e, consequentemente, de receber antibióticos, o que pode resultar em resistência.

Evite comprar animais de estimação através de canais não autorizados e redes sociais, pois os padrões de saúde e a procedência dos animais são muitas vezes não verificados.

2. Siga o aconselhamento veterinário sobre cultura e sensibilidade (C&S)

Se seu animal de estimação apresenta infecções recorrentes, consulte sempre o veterinário sobre a realização de testes de C&S. Esse exame é fundamental para identificar o tipo de bactéria envolvida e determinar quais antibióticos serão eficazes contra ela.

Sem esse diagnóstico, administrar antibióticos errados pode não só prolongar a infecção como também contribuir para a resistência, aumentando os custos de tratamento e o desconforto do animal.

Veterinária Dra. Suria Fabbri

A Dra. Suria Fabbri é veterinária e atua na resistência antimicrobiana. Foto: Cortesia de Suria Fabbri

3. Nunca administre sobras de antibióticos sem orientação veterinária

Pode parecer conveniente utilizar medicamentos restantes, mas essa prática pode causar mais danos do que benefícios. Os sintomas visíveis podem ser semelhantes, mas a causa subjacente pode ser totalmente diferente.

Utilizar o antibiótico inadequado não só torna o tratamento ineficaz, mas também contribui para a resistência, já que as bactérias podem não ser eliminadas completamente. O ideal é concluir o tratamento prescrito, mesmo que o animal pareça ter melhorado rapidamente.

Além disso, medicamentos abertos, como colírios e cremes, devem ser descartados após quatro semanas, pois podem perder a eficácia e a esterilidade.

4. Evite dietas cruas para seus animais de estimação

A carne crua pode ser uma fonte de bactérias resistentes a antibióticos. Um equívoco comum é pensar que o congelamento torna esses alimentos seguros para consumo; na verdade, isso pode reduzir, mas não eliminar, as bactérias.

Animais alimentados com dietas cruas podem não apresentar sintomas evidentes, mas ainda assim podem eliminar bactérias resistentes, representando um risco para outros membros da família, especialmente crianças, idosos ou pessoas imunocomprometidas.

Cozinhar a comida para pets é a maneira mais eficaz de reduzir o risco de transmissão de AMR no ambiente doméstico.

A resistência antimicrobiana não se limita aos hospitais; ela está presente em casa, nos pets e nos ambientes que compartilhamos. Reconhecer sinais precoces e agir rapidamente pode proteger tanto você quanto seu animal de estimação.

  • A Dra. Suria Fabbri, editora honorária da Associação Veterinária de Cingapura, é especializada em resistência antimicrobiana e os vínculos entre saúde humana, animal e ambiental.
  • O Vet Talk é uma coluna quinzenal onde veterinários oferecem orientações sobre cuidados com animais de estimação.

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