Confrontos entre Polícia e Manifestantes Marcam Protesto Contra Política de Milei na Argentina

Conflitos em Buenos Aires: Protesto de Aposentados Ganha Força com Apoio de Torcedores

Na última quarta-feira, 12 de março, Buenos Aires foi palco de violentos confrontos entre manifestantes e a polícia. O cenário de tensão ocorreu durante uma manifestação em apoio aos aposentados, que protestam por um ajuste nos benefícios. O ato contou com a participação de torcedores de diversos clubes de futebol argentino.

Centenas de pessoas marcharam pela Avenida 9 de Julho, muitas delas identificadas com camisetas e bandeiras de suas equipes. Os tumultos aconteceram nas proximidades do Congresso, onde os manifestantes se opuseram ao ajuste fiscal imposto pelo presidente ultraliberal Javier Milei.

Os confrontos tiveram início pouco antes das 17h, quando os manifestantes, convocados por organizações sociais e sindicais, desafiaram as barreiras feitas pela polícia, que tentava abrir as vias em frente ao Congresso, protegido por cercas metálicas. A situação se intensificou rapidamente.

Os manifestantes arremessavam pedras e fogos de artifício, enquanto a polícia respondia com balas de borracha e spray de pimenta, além de utilizar um caminhão com canhão de água. Um veículo e dois contêineres de lixo foram incendiados durante os episódios de violência, levando à detenção de ao menos quatro pessoas, segundo relatos da AFP.

As palavras de ordem eram fortes: “Milei, lixo, você é a ditadura!” e “Que saiam todos!” ecoavam entre os presentes, refletindo a insatisfação generalizada com a atual administração.

Protestos na Argentina contra as medidas do ultraliberal Javier Milei
Protestos na Argentina contra as medidas do ultraliberal Javier Milei. Foto: Emiliano Lasalvia/AFP

Tradicionalmente, todas as quartas-feiras ocorrem mobilizações de aposentados, mas na maioria das vezes com poucas dezenas de participantes. No entanto, a pressão sobre o poder aquisitivo dessa parcela da população se intensificou após a drástica diminuição dos benefícios no início do mandato de Milei.

No último período, os protestos têm sido respondidos com resistência policial. A utilização de gás lacrimogêneo contra os idosos aumentou a visibilidade desses atos, atraindo a presença de torcedores que antes não estavam envolvidos.

Um vídeo de Diego Maradona, em que ele diz: “É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados”, se tornou viral, trazendo à tona lembranças de sua postura em 1992. Sua declaração agora é utilizada como grito de guerra por torcedores que se uniram à luta pelos direitos dos aposentados, incluindo as torcidas do River Plate, Boca Juniors, Racing e Independiente.

“Em defesa de nossos avós”

A mobilização rapidamente se espalhou entre as “peñas” dos clubes, comunidades onde torcedores se reúnem não apenas para assistir jogos, mas também para discutir assuntos sociais. Patricia Mendía, de 60 anos, expressou a urgência da situação: “Nos expulsaram da Praça do Congresso e estamos indo para a Praça de Maio em defesa de nossos avós”, comentou, enquanto seguia em direção à famosa Praça de Maio, onde está situada a Casa Rosada, com o lema “A pátria não se vende”.

Protestos na Argentina contra as medidas do ultraliberal Javier Milei
Protestos na Argentina contra as medidas do ultraliberal Javier Milei. Foto: Luis Robayo/AFP

Mendía estava vestida com a camiseta do clube Quilmes e acompanhada de sua mãe de 84 anos. “Temos que nos unir e sair para a rua para defender nossos direitos e nossa soberania”, afirmou.

A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, utilizou suas redes sociais para compartilhar uma foto em que é possível ver um cordão de segurança em frente a um grupo de manifestantes na calçada. “Nossas Forças estão mobilizadas para cumprir o protocolo: o trânsito não é interrompido e os torcedores, na calçada”, escreveu Bullrich.

Os gritos de apoio a Maradona eram visíveis entre os participantes: “Olé, olé, Diego, Diego”, enquanto outros alertavam à polícia: “Se tocarem nos velhos, vai ter confusão”.

As políticas de ajuste de Milei provocaram uma acentuada alta nos preços dos medicamentos e tarifas de serviços essenciais. Aproximadamente 60% dos aposentados recebem o benefício mínimo, que equivale a cerca de 340 dólares (R$ 1.980), e o governo congelou um bônus de reforço destinado a essa população no ano passado.

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