Desastre no Templo da Bahia: Minas Gerais em Estado de Alerta!

Perigo nas Igrejas Históricas: O Estado Crítico do Patrimônio Cultural em Minas Gerais

O recente desabamento do forro da Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador (BA), destaca não apenas a fragilidade das construções históricas no Brasil, mas também a urgência de uma conservação sistemática dos bens culturais. Essa preocupação ecoa especialmente em Minas Gerais, que abriga um dos patrimônios arquitetônicos mais valiosos do país. O prefeito de Diamantina, Geferson Giordani Burgarelli (MDB), faz um apelo: “Pedimos socorro aos governos federal e estadual para que não ocorra o mesmo aqui.” Ele expressa receios em relação à Igreja Nossa Senhora da Luz, interditada há sete anos e que apresenta sérios riscos de desabamento.

Conhecida como a “Igreja do Ouro” e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a igreja baiana, construída entre 1708 e 1750, é um importante destino turístico. Recentemente, uma jovem paulista perdeu a vida no local devido à queda do forro. Além dela, cinco pessoas ficaram feridas. O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos Brasil) atribui tais desastres à insuficiência de verbas para a conservação patrimonial, à escassez de técnicos capacitados e à urgência de políticas públicas focadas na preservação do patrimônio.

Em Minas Gerais, diversas edificações históricas estão em situação alarmante. Muitas permanecem fechadas ou interditadas, enfrentando riscos de desabamento. O padre George Raleb Massis, que luta pela restauração da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte, teve que limitar o uso do templo após a queda da pintura do forro. “Agora, conseguimos apenas 30 lugares para os fiéis, e estamos sem casamentos e batizados”, lamenta. Ele estima um custo de R$ 8 milhões para a conclusão das obras de restauração, iniciadas em 2008.

No Centro Histórico de Paracatu, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Matriz Catedral Santo Antônio também estão interditadas por questões de segurança. O padre Hilton Rodrigues Santana levantou a bandeira de alerta após observar a presença de pombos e danos estruturais na Igreja do Rosário, fechada desde dezembro de 2023. Após consultar um carpinteiro, foi informado sobre o risco iminente de desabamento do telhado. De acordo com Hilton, as igrejas foram notificadas ao Iphan, à prefeitura local e à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo para medidas imediatas.

Estado Crítico da Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Na mesma linha, a Matriz Catedral Santo Antônio demanda atenção urgente. “Exige muita atenção, a situação não é boa”, alerta o padre. Um laudo técnico revelou que, enquanto a Igreja do Rosário tem problemas na cobertura, a matriz necessita de reparos nas partes elétrica, estrutural e hidrossanitária. Em resposta, a Prefeitura de Paracatu registrou a situação na Plataforma Semente/MPMG e está desenhando projetos para as intervenções necessárias.

Em Caeté, a Igreja Nossa Senhora do Rosário está interditada desde 2021, apresentando infiltrações e problemas estruturais. O Corpo de Bombeiros determinou a interdição com base em um laudo técnico que identificou sérios riscos ao patrimônio. A arquidiocese e a prefeitura estão atentas e realizando estudos complementares para garantir a segurança do templo, um dos mais antigos da região.

Apelo à Conservação do Patrimônio

Em Diamantina, a situação da Igreja Nossa Senhora da Luz é alarmante. Desde 2018, o templo está interditado e, segundo laudos, exige urgentemente restaurações em diversas áreas. O prefeito reclama que a igreja precisa de socorro imediato das esferas federal e estadual. A Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Cachoeira do Pajeú, também clama por atenção após danos causados por tempestades.

A Arquidiocese de Belo Horizonte está em busca de patrocínios para a restauração de várias igrejas e tem trabalhado em parceria com órgãos públicos, visando à preservação do patrimônio cultural. “Estamos criando um Memorial com uma equipe multidisciplinar para ajudar as comunidades nas suas demandas”, explica a arquidiocese.

Trabalho Conjunto em Prol da Preservação

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) está preparando uma cartilha de boas práticas para orientar proprietários e gestores. A diretora do instituto, Luciane Andrade, destaca a importância de vistorias regulares para prevenir danos e garantir a integridade dos imóveis históricos. “Estamos vigilantes e atuando para evitar que as construções se deteriorem ainda mais”, diz Andrade.

O governo estadual também anunciou investimentos significativos na área cultural, com foco na preservação do patrimônio. O secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, informa que em 2025 serão destinados R$ 100 milhões para a restauração de bens tombados.

Em resposta aos recentes desabamentos, o Iphan ressalta que a responsabilidade pela manutenção do patrimônio cabe a seus proprietários, embora a fiscalização não seja de sua alçada exclusiva. O Icomos Brasil pressionou por uma maior atenção às políticas de conservação, enfatizando a necessidade de um sistema nacional para a proteção do patrimônio.

Conservar os bens culturais é um dever coletivo. O promotor de Justiça Marcelo Maffra, da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC/MPMG), enfatiza a importância de ações preventivas para a preservação. “Defendemos a prevenção de danos, pois esses bens são irrepetíveis e não podemos esperar pela restauração após a destruição”, alerta o promotor.

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