A Crise por Trás do Masp: Saídas e Descontentamento na Direção
O imponente monólito negro inaugurado recentemente pelo Masp na Avenida Paulista não é o único destaque de 2023. Nos bastidores do maior museu da América Latina, uma série de demissões no alto escalão acende um alerta sobre o futuro da instituição.
Entre os que deixaram seus cargos, destacam-se Geyze Diniz, vice-presidente do conselho e viúva de Abilio Diniz, um dos principais financiadores do novo anexo, além de Jackson Schneider, vice-presidente, e Jean Martin Sigrist Júnior, diretor estatutário.
Cada apoiador do anexo contribuiu com uma quantia mínima de US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 17 milhões) para uma obra que totalizou R$ 250 milhões. Apesar da saída, os ex-dirigentes asseguraram que continuarão sendo patronos do Masp.
A saída de figuras fundamentais que marcaram a era moderna do museu, sob a liderança do empresário e colecionador Heitor Martins, não ocorre de forma isolada. Esse acontecimento parece refletir um acúmulo de insatisfações internas que vêm se intensificando na alta administração da casa projetada por Lina Bo Bardi.
A crise institucional teve seu ponto de partida com a saída de Juliana Sá, advogada e antiga vice-presidente, que era vista como uma sucessora natural de Martins. Sua demissão, em julho do ano passado, desencadeou uma série de mudanças, incluindo a saída de dois outros diretores, o jornalista Raul Juste Lores e a empresária Tânia Haddad Nobre, ambos também interessados na construção do novo prédio.
Fontes próximas à direção do museu relatam que houve articulação para a saída conjunta de Schneider e Sigrist Júnior, mas estes optaram por permanecer em suas funções. A insatisfação de Juste Lores, que se manifestou em um vídeo durante a inauguração do anexo, evidenciava as queixas internas sobre a gestão atual.
Os descontentes criticam a suposta tentativa de Heitor Martins de permanecer no comando além do tempo adequado, a falta de diversidade na liderança, o declínio no número de visitantes, e a crescente falta de transparência em decisões estratégicas. Outros pontos de crítica incluem a ausência de um concurso público para a seleção dos arquitetos do novo prédio e uma política de acessibilidade que muitos consideram precária, com ingressos caros e gratuidade limitada a terças e sextas-feiras, dificultando o acesso à cultura.
A Visão da Direção
Procurado para comentar a situação, o presidente do museu, Heitor Martins, afirmou que “as mudanças são parte do processo natural de renovação dos quadros do museu que ocorre anualmente, tanto na diretoria quanto no conselho”. Martins também ressaltou que esse fenômeno é comum a todas as instituições.
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