Entendendo a Gordura no Fígado: Uma Doença Silenciosa
A gordura acumulada no fígado, conhecida como hepatoesplênica, é uma condição silenciosa que afeta aproximadamente 25% da população mundial, conforme dados da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos. Embora em muitos casos a condição não apresente sintomas e permaneça estável, ela pode evoluir e gerar complicações sérias que afetam a saúde do indivíduo. As causas dessa condição ainda são objeto de pesquisa, mas especialistas o relacionam diretamente a hábitos de vida e à saúde geral das pessoas.
O Que é Gordura no Fígado?
De acordo com Fábio Nachman, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Fundação Favaloro, em Buenos Aires, a gordura no fígado é um termo que abrange diversas patologias caracterizadas pelo acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas. Essa condição pode ser assintomática ou causar complicações graves, dependendo de cada caso, como explicam os profissionais da Clínica Cleveland.
O fígado, o maior órgão interno do corpo humano, desempenha funções essenciais como a digestão de alimentos, a eliminação de toxinas e a síntese de proteínas. Localizado na parte superior direita do abdômen, suas funções são vitais para a manutenção da saúde.
Condições Associadas ao Fígado Gorduroso
Esteban González Ballerga, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas, explica que a presença de gordura no fígado é considerada quando o órgão acumula mais de 5% de gordura em seu tecido. Essa condição pode manifestar-se de duas formas: a esteatose simples, que não apresenta inflamação nem danos ao fígado, e a esteatohepatite não alcoólica, que afeta cerca de 10% dos pacientes e pode levar a inflamação e fibrose hepática, como destaca Valeria Descalzi, especialista em Hepatologia.
A fibrose é uma consequência do organismo tentar reparar células hepáticas danificadas ao longo dos anos e, quando se torna excessiva, pode resultar em cirrose, uma condição irreversível. Esse processo demora entre 10 a 20 anos, o que oferece uma possibilidade de prevenção.
Causas e Fatores de Risco
As causas do acúmulo de gordura no fígado são multifatoriais. Os principais fatores de risco observados pelos especialistas incluem:
- Obesidade: O aumento da gordura corporal está associado à elevação nos níveis de insulina, levando ao depósito de ácidos graxos no fígado.
- Diabetes tipo 2 e resistência à insulina: Essas condições também contribuem significativamente para o desenvolvimento de gordura hepática.
- Sedentarismo: A falta de atividade física regular agrava o acúmulo de gordura no fígado.
Além desses, fatores como má alimentação – composta por excesso de calorias, gorduras saturadas e açúcar – também são apontados como desencadeantes da condição. O consumo elevado de álcool tem um papel negativo significativo, uma vez que o fígado metaboliza essa substância, liberando agentes nocivos que comprometem suas células.
Fernando Gruz, médico hepatologista, destaca que, apesar da toxicidade do álcool para o fígado, cada indivíduo reage de maneira diferente aos níveis de consumo, e é fundamental conscientizar-se sobre os riscos desse hábito.
Prevenção e Tratamentos
Embora não exista um medicamento específico para tratar a gordura no fígado, Nachman assegura que, quando a fibrose ainda não está presente, é possível inverter a condição. O tratamento baseia-se na adoção de hábitos saudáveis, incluindo a perda de peso por meio de uma dieta equilibrada e práticas de atividade física regulares.
Os especialistas sugerem a realização de exercícios físicos de três a quatro vezes por semana, focando em pelo menos 45 minutos por sessão. A prática de atividade física, seja aeróbica ou de musculação, é imprescindível para a manutenção de um peso saudável e o combate à acumulação de gordura hepática.
Na alimentação, a recomendação é adotar uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânea, que é rica em antioxidantes, fibras e nutrientes essenciais. Além disso, é aconselhável evitar o consumo de álcool e bebidas açucaradas.
O diagnóstico de gordura no fígado é desafiador, pois frequentemente não apresenta sintomas visíveis. Em muitos casos, a condição é descoberta durante exames de imagem, como ultrassonografias. Pacientes com diabetes ou sobrepeso são frequentemente orientados a realizar exames específicos, dada a maior predisposição a desenvolver a condição.
A identificação da doença pode ser realizada por meio de métodos como ultrassonografia, ressonância magnética e elastografia hepática. É importante ressaltar que a ausência de sintomas pode levar a um diagnóstico tardio, quando complicações mais graves, como icterícia, acúmulo de líquido no abdômen e falência hepática, já podem estar presentes.
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