A prática regular de atividades físicas é amplamente reconhecida por seus benefícios na queima de calorias e no auxílio ao emagrecimento. Contudo, estudos recentes indicam que os exercícios podem ter um papel ainda mais significativo no controle do apetite. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Murdoch, na Austrália, revela que a atividade física pode influenciar diretamente a sensação de fome.
O estudo, destacado no periódico The Physiological Society, analisou um grupo de 11 homens jovens, entre 20 e 24 anos, todos sedentários e com obesidade. A pesquisa buscou entender como o exercício físico poderia impactar o apetite desses indivíduos, utilizando medições de colesterol, percentual de gordura e circunferência da cintura, além de questionários sobre hábitos alimentares e prática de exercícios.
Como a atividade física afeta o apetite?
Os participantes do estudo foram submetidos a um teste de atividade física em um cicloergômetro, semelhante a uma bicicleta ergométrica. Durante o exercício, os pesquisadores monitoraram o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e a frequência cardíaca dos voluntários. O resultado foi a liberação de substâncias, como a interleucina-6 e a irisina, que desempenham um papel importante no controle do apetite.
Essas substâncias são liberadas em resposta à contração muscular e atuam de forma mais intensa por cerca de 40 minutos após o exercício. Essa descoberta sugere que a prática de exercícios pode auxiliar na redução da fome, ao menos temporariamente, por meio de mecanismos hormonais.
Quais são os mecanismos envolvidos?
Segundo o endocrinologista Carlos André Minanni, do Hospital Israelita Albert Einstein, a atividade física modula a fome através de alterações hormonais, aumento da temperatura corporal e do fluxo sanguíneo, além da redução do neuropeptídeo Y (NPY), um conhecido estimulante do apetite no sistema nervoso. Esses achados são essenciais para entender como o exercício pode se tornar uma ferramenta eficaz no controle do apetite.
Quais são as implicações para a população em geral?
Embora o estudo tenha envolvido um número reduzido de participantes e se concentrado em um grupo específico, os resultados são promissores. No entanto, é necessário realizar mais pesquisas para compreender como esses efeitos se aplicam a diferentes populações. Fatores como tipo de exercício, duração, intensidade, condicionamento físico prévio, genética e alimentação podem influenciar os resultados.
Dessa forma, a atividade física não apenas contribui para a queima de calorias, mas pode desempenhar um papel crucial no controle do apetite. Compreender esses mecanismos pode facilitar o desenvolvimento de estratégias mais eficazes para o gerenciamento do peso e a promoção de um estilo de vida saudável.
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