Leonardo Merçon: 20 Anos de Fotografia e Conservação da Natureza
O fotógrafo de natureza e colunista do Folha Vitória, Leonardo Merçon, celebra duas décadas de carreira, consolidando-se como uma referência na fotografia ambiental. O profissional compartilha seu amor pela natureza e relata uma trajetória dedicada à preservação do meio ambiente.
Fundador do Instituto Últimos Refúgios, uma organização sem fins lucrativos, Léo tem como missão promover a conservação da biodiversidade por meio de educação ambiental, pesquisa e documentação fotográfica.
Instituto Últimos Refúgios: Um Compromisso com a Vida
O Instituto Últimos Refúgios conta com o apoio do Instituto Américo Buaiz (IAB), que visa fortalecer o desenvolvimento social no Espírito Santo, utilizando a comunicação em prol de entidades do terceiro setor e promovendo iniciativas nas áreas de educação, cultura, sustentabilidade, assistência social, meio ambiente e formação de jovens.
A paixão de Léo pela natureza se transforma em histórias e aventuras na coluna Natureza e Cultura, onde suas imagens capturam a beleza e a complexidade da vida selvagem. Recentemente, o fotógrafo conversou em entrevista sobre sua jornada e desafios ao longo dessa carreira.
Entrevista com Léo Merçon
O que te motivou a seguir a carreira de fotógrafo de natureza? Algum momento específico marcou essa decisão?
Léo Merçon: Sempre fui apaixonado pela biodiversidade e curioso sobre o mundo natural. Meus pais me incentivaram muito! Quando criança, eu pulava a janela da sala na escola para ir ao jardim procurar bichinhos. Apanhei algumas vezes por isso, mas hoje vejo o quanto era engraçado. Durante minha faculdade, trabalhava com App Design e me interessei pela fotografia, tentando unir as duas áreas. Acabei mudando de carreira e me tornei fotógrafo de natureza.
Quem foram suas inspirações no início da carreira? Você teve algum mentor?
– No início da minha carreira, cerca de 2004, participei de uma Iniciação Científica enfocando a “crítica genética” e estudei o trabalho de fotógrafos como Sebastião Salgado, Araquém Alcântara e Luciano Candisani, além do biólogo André Alves. Esses profissionais me inspiraram bastante.
Você lembra da sua primeira grande foto ou expedição que o fez pensar: “é isso que quero fazer para a vida”?
– Meu primeiro livro foi sobre o Parque Estadual Paulo César Vinha, em 2005. Eu caminhava pela mata, mesmo sem ter o equipamento adequado. Depois de trabalhar nos EUA, consegui comprar uma câmera melhor e, ao voltar, fiz uma expedição que me propiciou fotografar um tamanduá-mirim com seu filhote, uma experiência marcante.
Qual foi o maior desafio que você enfrentou nesses 20 anos fotografando a natureza? Alguma situação de risco?
O maior medo que tenho é encontrar pessoas enquanto estou na mata. Elas podem ser perigosas, principalmente quando cometem crimes ambientais. Já passei por algumas situações complicadas, como quando registrei as tragédias do Rio Doce e tentei lutar contra a duplicação da BR-101.
O Instituto Últimos Refúgios foi uma grande conquista na sua trajetória. Como surgiu essa ideia e qual impacto tem alcançado?
O Últimos Refúgios começou como um projeto em 2006, enquanto trabalhava em meu primeiro livro. Durante uma estadia no Parque Paulo César Vinha, percebi que muitos animais não tinham para onde ir, e assim surgiu o nome do instituto, simbolizando a ideia de ser um “último refúgio” para a fauna local.
Você acredita que suas fotos ajudam a transformar a visão das pessoas sobre a natureza? Algum caso específico de impacto?
– Acredito que sim, mas é um esforço coletivo. Minha dissertação de mestrado, intitulada “Imagens que Mudam o Mundo”, concluiu que não são as imagens em si que mudam o mundo, mas elas têm o poder de inspirar as pessoas a fazerem mudanças significativas.
Qual foi o lugar mais incrível que você já fotografou? Alguma experiência inesquecível na natureza?
– O mais incrível para mim é o Espírito Santo. É uma das áreas com maior biodiversidade do mundo. Aqui, encontramos até espécies da Amazônia devido ao clima único da região.
O que você espera para os próximos anos da sua carreira? Algum projeto futuro que possa compartilhar?
– Desejo continuar fotografando a natureza. Para mim, não é apenas trabalho, é paixão. Estou desenvolvendo documentários sobre a Reserva Biológica de Sooretama e criando uma reserva em Santa Teresa, onde pretendo tratar com desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida da comunidade local.
*Texto sob a supervisão da editora Elisa Rangel
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