A Política Brasileira: Um Reality Show Sem Fim

Por: Odair Junior

Nos últimos anos, a política brasileira se transformou em um verdadeiro reality show, sem a presença de roteiristas competentes e com protagonistas que parecem desprezar qualquer ensaio para o caos. A polarização dominou o debate público, convertendo discussões em campos de batalha ideológica, onde a disposição para ceder é cada vez mais rara. O resultado? Uma governabilidade reminiscentemente caótica, marcada por um incessante jogo de empurra-empurra entre os Três Poderes.

O Papel do Congresso Nacional

O Congresso Nacional, em grande parte sob influência das bancadas temáticas e pelo conhecido “centrão” – esse grupo que muda de lado com a mesma rapidez com que um meme viraliza na internet – tem sido crucial na condução (ou desaceleração) das políticas do governo. Enquanto o Executivo, de forma meio desajeitada, tenta aprovar reformas estruturais, a oposição se organiza para barrar qualquer iniciativa que possa ser considerada minimamente viável. Esse embate, evidentemente, afeta a vida do cidadão comum, que observa, como espectador privilegiado, a lenta tramitação da reforma tributária. Isso se traduz em uma continuidade de impostos elevados, enquanto a destinação do dinheiro arrecadado permanece indefinida.

Judiciário e Seu Papel na Política

O Judiciário, com seu histórico de intervenções pontuais, se destaca como um dos protagonistas desta novela política. O Supremo Tribunal Federal (STF) frequentemente lança decisões impactantes que geram reações extremas entre políticos e cidadãos. Cada nova deliberação da Corte provoca ondas de indignação ou aplausos, dependendo de qual segmento da sociedade se observa. Temas como direitos políticos e transparência eleitoral estão sempre na roda, prontos para acirrar disputas ideológicas.

A Era dos Políticos de Rede Social

Entramos na era dos políticos das redes sociais, onde a busca pelo tão desejado “like” tornou-se prioridade para muitos, levando alguns deles a ignorar o respeito e a ética – especialmente entre servidores públicos. As plataformas digitais transformaram esses indivíduos em “donos da verdade”, autoproclamados especialistas em tudo: segurança, saúde, economia e infraestrutura. E em um mês como fevereiro, com as chuvas e seus consequências previsíveis, os “influenciadores da política” surgem em massa, produzindo vídeos curtos, criticando autoridades e exigindo soluções imediatas. Contudo, observam-se menos iniciativas que visem políticas habitacionais dignas para aqueles que, por falta de opção, ocupam áreas vulneráveis. É fácil criticar diante de uma tela; o verdadeiro desafio é propor soluções efetivas.

Perspectivas para o Futuro Político

Com as recentes eleições municipais finalmente concluídas, a política já acelera o tabuleiro para os eventos eleitorais de 2026. O que deveria ser um momento de reavaliação e foco nas gestões locais rapidamente se converte em um jogo de forças entre os extremos da direita e da esquerda. A disputa agora se concentra em quem será capaz de dominar o cenário eleitoral que se aproxima. E, nesse embate ideológico, a população mais carente – que realmente necessita de ações públicas significativas – continua relegada ao papel de espectadora, acompanhando pela janela o desenrolar das lutas de discursos entre os poderosos.

A Polarização é o Novo Normal?

Eventualmente, surge a pergunta: esta polarização incessante é um novo normal ou apenas um capítulo prolongado de uma tragédia já prevista? A resposta a esse questionamento repousa sobre a capacidade das instituições de manter alguma ordem nesse circo político – ou, pelo menos, simular que estão tentando. Enquanto isso, a sociedade civil permanece atenta, com um olho nas questões políticas e outro na realidade financeira, pois, no Brasil, o espetáculo nunca termina.

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Imagem gerada por Inteligência Artificial