Abordagens policiais marcam eventos de carnaval no Bom Fim
No final da tarde deste domingo (2), o clima festivo do carnaval foi interrompido por intervenções da Brigada Militar, da Guarda Municipal e da fiscalização municipal em estabelecimentos da Rua João Telles, no bairro Bom Fim. Como resultado, dois locais foram autuados durante os eventos carnavalescos.
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De acordo com Jane Pilar, uma das sócias do Café Cantante, que estava realizando um evento de carnaval em parceria com o Buteco do Bonfa, a Brigada Militar realizou três abordagens nos estabelecimentos. “[A Brigada Militar] já tinha vindo aqui por volta das 17h. Por volta das 19h10, estavam em frente ao bar ao lado, o Vintage Lab. Eu fui até lá, pois eles também enfrentam muitas abordagens. Um dos policiais queria autuar a gente por causa do som, pois uma vizinha estava incomodada. Ele estava registrando [a autuação] sem a presença da reclamante, então eu disse que não poderia fazer uma ocorrência sem ela, e que eu não iria assinar,” relatou ao Sul21.
Jane destacou que a programação do evento com DJ já previa o encerramento às 21h por conta da transmissão do Oscar. A última abordagem aconteceu pouco antes do término, quando a Brigada Militar retornou ao local acompanhada por três viaturas da Guarda Municipal, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da fiscalização municipal.
“[Os agentes da Guarda] chegaram com forte aparato bélico e começaram a intimidar os clientes. Me ameaçaram, dizendo que eu não poderia ter som na calçada. O fiscal foi hostil, e elaborou um auto de infração afirmando que eu estava sem autorização, mas eu possuo autorização para música até meia-noite. Alegaram que eu precisava de uma autorização de calçada, dizendo que estava obstruindo o passeio e a rua. Não havia como obstruir a rua, pois se as pessoas ficassem no meio dela, poderiam ser atropeladas,” afirmou Jane.
Em uma publicação nas redes sociais, o perfil do Café Cantante questionou a quantidade de abordagens ocorridas em um único dia, especialmente considerando que a Prefeitura de Porto Alegre, por orientação do Ministério Público (MP), proibiu eventos de carnaval de rua no bairro Cidade Baixa, alegando a “impossibilidade de garantir a segurança dos frequentadores, moradores e comerciantes.”
Em resposta à reportagem do Sul21, a assessoria da Brigada Militar informou que, no momento, não está autorizada a conceder entrevistas. Já a assessoria da Guarda Municipal não retornou até o fechamento desta matéria.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que denúncias relacionadas a abordagens policiais durante o carnaval em Porto Alegre surgem nos últimos dias. No sábado (28), o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) reportou que
uma militante negra trans foi espancada por policiais militares
durante a noite de sexta-feira (28) na Cidade Baixa, em Porto Alegre.
Leia a matéria na integra em: sul21.com.br