Explorando a Magia do Carnaval de Porto Alegre: A História da Avenida Borges de Medeiros

A Avenida Borges de Medeiros e a História do Carnaval de Porto Alegre

Epicentro de importantes movimentos políticos e culturais de Porto Alegre, a Esquina Democrática foi também palco de um dos momentos mais marcantes da folia na década de 60.

Durante a década de 1960, desfile oficial do Carnaval era na Borges de Medeiros

Durante a década de 1960, desfile oficial do Carnaval era na Borges de Medeiros

No século XX, o Centro de Porto Alegre foi a principal referência para quem curtia o Carnaval. Assim, a cidade inteira se mobilizava para ver os desfiles que aconteciam pelas várias ruas e avenidas, como a Demétrio Ribeiro, Rua da Praia, João Alfredo, Borges de Medeiros, entre outras.

A avenida Borges, no entanto, teve um significado especial. De 1960 até 1969, suas agremiações fizeram vibrar o famoso edifício Sulacap, como destacava Dilermando Torres, em matéria no Correio do Povo em fevereiro de 1969. O início da festa era geralmente nas imediações da Rua Riachuelo, com os desfiles tomando a faixa da direita da avenida em direção ao Mercado Público.

A época não contava com arquibancadas metálicas. O público se acomodava em espaços de madeira improvisados e trazia suas cadeiras para o evento. Essa cena é descrita por Eugênio Silva Alencar, o Mestre Paraquedas, que traz muitas memórias sobre esses tempos.

Os Marcos do Carnaval na Borges de Medeiros

O último desfile na Avenida Borges ocorreu em 1969. Para preservar a nostalgia, foi instituído em 2005 a “Descida da Borges”, evento que organiza a abertura do Carnaval de Porto Alegre, simbolizado pela entrega da chave da cidade ao Rei Momo.

Os desfiles na Borges da década de 60 coincidiram com um período de grandes transformações no carnaval porto-alegrense, onde o surgimento das escolas de samba trouxe um novo formato que perdura até hoje. A história do Carnaval em Porto Alegre é rica em momentos distintos, começando com o Entrudo, influenciado pelos açorianos, e passando pelos desfiles de sociedades ao longo do século XIX, até os blocos humorísticos nas décadas seguintes.

A “Cariocalização” do Carnaval

O processo de modernização do carnaval que começou a ganhar força na década de 60 pode ser descrito como a “cariocalização” do carnaval. Helena Cattani, historiadora e pesquisadora do tema, discute essa transição, que introduziu à Porto Alegre um formato de desfile mais organizado, inspirado pelo que já ocorria no Rio de Janeiro.

Com a mudança, surgiu o desfile com alas organizadas, bateria, carros alegóricos e um tema central, tudo isso em um período que marcava a virada das tradições locais para um evento mais unificado e padronizado.

1962 e os Conflitos no Carnaval

No entanto, a história do carnaval na Borges não foi feita apenas de alegria. Em 1962, um desentendimento entre a prefeitura e o principal patrocinador dos desfiles, a Refrigerante Sul-Riograndense, resultou em um evento paralelo, o “Carnaval da Amizade Pepsi-Cola”. Essa disputa culminou em atritos e frustração entre os foliões, que esperavam ansiosamente pelos desfiles que não aconteceram como esperado.

A Influência da Cultura Carioca

Mestre Paraquedas, uma figura icônica do carnaval de Porto Alegre, exemplifica a troca cultural entre as duas cidades. Com sua experiência em escolas de samba do Rio, ele trouxe inovação para os desfiles na Capital, influenciando fervorosamente a forma como os eventos tomavam forma.

Mesmo após o encerramento oficial dos desfiles na Avenida Borges, a lembrança desse período se tornou um símbolo nostálgico para muitos porto-alegrenses. As histórias e memórias de desfilar na Borges ainda ecoam nos corações dos mais velhos, que sonham com um retorno das festas ao centro da cidade.

Um Fim Marcado pela Tristeza

Em 1969, o último carnaval na Borges não foi como os anteriores. Um aguaceiro intenso impediu a festividade, como se a própria cidade chorasse pela despedida. “No último dia do último ano em que a avenida Borges de Medeiros seria o palco do Carnaval oficial da cidade, choveu. E, portanto, não houve carnaval”, informava o Correio do Povo em sua edição do dia seguinte.

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Leia a matéria na integra em: www.correiodopovo.com.br

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