Falta de Projetos: Secretário Expõe Desafios Enfrentados

Cidades de Minas Gerais Cancelam Carnaval em 2025 em Prol de Melhorias Estruturais

A poucos dias do carnaval, ao menos oito cidades do estado de Minas Gerais decidiram suspender os investimentos e cancelar as festividades. Entre os municípios que tomarão essa decisão estão Guaranésia, Lagoa Formosa e Santa Vitória, entre outras. As justificativas para o cancelamento variam, incluindo endividamento e a promessa de destinar recursos à saúde e infraestrutura.

Prioridades Municipais

No dia 29 de janeiro, Guaranésia anunciou o cancelamento de sua festa carnavalesca. A prefeitura comunicou, via redes sociais, que a decisão, embora difícil, visa priorizar áreas essenciais, como saúde e infraestrutura. Em 2024, a cidade havia aplicado aproximadamente R$ 392 mil na realização do carnaval, mas agora se propõe a investir em reformas das unidades do Programa Saúde da Família (PSFs), recuperação de pontes e manutenção de estradas rurais. Entretanto, não foi divulgado um levantamento detalhado dos novos investimentos.

Por outro lado, a prefeitura de Guaranésia anunciou três novos projetos culturais para os meses de fevereiro e março, que incluem eventos de apresentações artísticas e feiras de artesanato, utilizando recursos do Fundo de Melhoria dos Municípios Turísticos (Fumtur) e do Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural (Fumpac).

Demandas Emergenciais

Em Guapé, a situação é semelhante. O prefeito Randerson Ribeiro anunciou, em uma carta aberta, que os recursos que seriam destinados ao carnaval serão redirecionados para a saúde, educação e infraestrutura de estradas rurais, uma vez que a cidade enfrenta 13 mil demandas pendentes na área da saúde. O número elevado de solicitações inclui pedidos de exames laboratoriais, tomografias e consultas especializadas.

Na cidade vizinha, Três Corações, o prefeito Dimas Abrahão explicou que a decisão de cancelar o carnaval surgiu após a necessidade de usar os recursos destinados à festa para quitar dívidas do município, o que inclui a aquisição de medicamentos e pagamentos de rescisões de funcionários.

A mesma justificativa foi apresentada pelo prefeito de Lagoa Formosa, que alegou um déficit nas contas municipais como razão para a suspensão do carnaval. O custo da festividade, em 2024, foi estimado em cerca de R$ 1 milhão, valor que, segundo ele, pode ser melhor alocado em serviços essenciais.

Emergência Climática e Cancelamentos

As fortes chuvas que afetaram Minas Gerais desde o início do ano também impactaram a decisão de cancelar o carnaval em Serro e Carmo da Mata. Em Serro, a prefeitura enfrenta um prejuízo estimado em mais de R$ 10,7 milhões devido aos danos causados pelas chuvas, incluindo destruição de estruturas e famílias desabrigadas. A situação forçou a cidade a entrar em estado de emergência, priorizando a recuperação da infraestrutura.

Carmo da Mata seguiu o mesmo caminho, emitindo um decreto de estado de calamidade em resposta às catástrofes climáticas que também afetaram a região. A secretária de Cultura, Bruna Oliveira, explicou que a realização do carnaval não era viável diante do intenso estado de emergência.

Questões Financeiras em Santa Vitória

Santa Vitória, sob a liderança do prefeito Sérgio Moreira de Oliveira Júnior, também optou por não realizar as festividades de 2025, ressaltando a necessidade de priorizar a saúde financeira do município. Ele destacou a insuficiência da previsão orçamentária e a necessidade de buscar alternativas futuras para promover eventos culturais.

Apoio e Incentivos do Estado

A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) observou os cancelamentos, mas enfatizou que a principal forma de apoio é por meio da apresentação de projetos pelas prefeituras. A legislação estadual permite que municípios captem recursos, mas até o momento, as cidades que cancelaram não apresentaram propostas nos editais disponíveis para incentivo cultural.

De acordo com o secretário Leônidas Oliveira, o investimento do governo para o carnaval em Minas chega a R$ 60 milhões, o que inclui iniciativas em Belo Horizonte. Ele afirma que é fundamental que as cidades se antecipem para garantir que a folia ocorra no próximo ano.

Carnaval nas Cidades Históricas

Enquanto algumas cidades cancelam o carnaval, outras, especialmente aquelas com forte patrimônio histórico, continuam a se preparar para as festividades. O presidente da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo, anunciou que Ouro Preto, por exemplo, já deu início aos preparativos com grandes atrações culturais e um orçamento de R$ 2,5 milhões. Estão programadas inúmeras atividades, incluindo desfiles de escolas de samba e blocos de rua.

Oswaldo ressaltou a importância do carnaval como um momento de reencontro e valorização da cultura, buscando sempre promover uma experiência acessível e vibrante para moradores e turistas.

O cenário do carnaval em Minas Gerais reflete a complexidade entre a valorização das tradições culturais e a urgência dos investimentos em serviços públicos essenciais, sendo um tema de grande relevância para a população e para os gestores públicos.

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