Impacto da Pressão Política: Universidades Prestigiadas Substituem Funcionários e Reitora de Instituição Líder Anuncia Renúncia

Universidades Americanas Enfrentam Pressões do Governo para Combater Antissemitismo

Em um clima de crescente tensão nas universidades dos Estados Unidos, as renomadas instituições de ensino Yale e Harvard tomaram medidas drásticas ao destituírem funcionários de seus cargos. Essas mudanças ocorrem em um contexto em que o governo de Donald Trump intensifica a pressão sobre os campus, exigindo um endurecimento na luta contra o antissemitismo, sob a ameaça de retenção de financiamento federal. Nesta sexta-feira, a reitora da Universidade de Columbia anunciou sua saída do cargo, refletindo a instabilidade em algumas das principais universidades americanas.

Pressão Executiva e Consequências nas Universidades

No caso da Faculdade de Direito de Yale, Helyeh Doutaghi foi demitida em meio a alegações de vínculos com um grupo que está sob sanção dos EUA. A instituição informou que a pesquisadora foi colocada em licença após investigações que levantaram suspeitas sobre seus laços. O porta-voz da faculdade, Alden Ferro, declarou que a recusa de Doutaghi em colaborar com a investigação levou à rescisão de seu contrato, que estava previsto para se encerrar em abril deste ano.

Doutaghi usou as redes sociais para expressar sua indignação, chamando a demissão de um “ato evidente de retaliação contra a solidariedade palestina” e caracterizando as acusações como “calúnias difamatórias” promovidas por “trolls fascistas”.

Manifestantes pró-Palestina na Universidade Yale
Manifestantes pró-Palestina na Universidade Yale — Foto: Adrian Martinez Chavez/The New York Times

A Yale baseou sua decisão em um documento que aparente reconhecer Doutaghi como membro do grupo “Samidoun: Palestinian Prisoner Solidarity Network”. Este grupo foi classificado pelo governo Biden como uma “instituição de caridade falsa” que arrecada fundos para organizações tidas como terroristas, despertando uma nova onda de preocupação sobre a liberdade de expressão e a repressão a críticas a Israel nas universidades.

Assim, Ferro reafirmou que a Yale não toma ações administrativas baseadas em reportagens de imprensa, enfatizando que essas decisões nunca são iniciadas com base no direito à liberdade de expressão de um indivíduo.

Mudanças na Liderança de Harvard e Columbia

Em Harvard, a situação não é diferente. Informações do jornal estudantil indicam que os líderes do corpo docente do Centro de Estudos do Oriente Médio estão deixando seus cargos. O professor Cemal Kafadar e a professora Rosie Bsheer estão se afastando após críticas ao centro por suas atividades consideradas antissemíticas.

O Harvard Crimson relata que Kafadar deve se desligar ao final do ano, em um memorando que sugere mudanças em resposta a críticas. A Escola de Saúde Pública de Harvard, inclusive, já suspendeu uma parceria com a Universidade de Birzeit na Cisjordânia em meio a essa onda de reavaliação de colaborações.

A mudança na liderança também se estende à Universidade de Columbia, onde a reitora interina Katrina Armstrong se afastou de seu cargo. Este movimento ocorre enquanto a universidade tenta desbloquear US$ 400 milhões em verbas federais após promessas de políticas mais rígidas, como a proibição de máscaras em protestos e a ampliação dos poderes policiais no campus.

A Universidade de Harvard
A Universidade de Harvard — Foto: Sophie Park para o The New York Times

A nova presidente interina, Claire Shipman, é vista como alguém que possui uma compreensão clara dos desafios enfrentados pela comunidade universitária. A recente saída de Armstrong também foi discutida como um passo importante nas negociações entre o governo e a universidade, especialmente após uma série de protestos e críticas direcionadas à gestão da reitoria sobre a questão do antissemitismo.

Embora o governo Trump tenha demonstrado satisfação com as ações tomadas por Armstrong para restaurar o financiamento, a saída dela gerou novas preocupações sobre o futuro das relações entre a universidade e a administração federal. A situação evidência um cenário complexo em que a gestão das universidades deve equilibrar liberdade acadêmica com a pressão política externa.

Leia a matéria na integra em: oglobo.globo.com

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