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Abaixo está o conteúdo a ser reformulado:
“Olha o sanduíche bem transado!”. Era com esse grito de guerra que a personagem Raquel Accioli (Regina Duarte) enfrentava o sol escaldante do Rio de Janeiro para vender seus produtos e garantir o sustento após ter a casa vendida pela própria filha, a ambiciosa Maria de Fátima (Glória Pires), na novela “Vale Tudo”, de 1988, que ganha remake na semana que vem. A gíria “transado”, que significava algo bom naquele contexto, pode até não fazer mais sentido nos dias de hoje. Mas a batalha da empreendedora, que aposta na gastronomia para “vencer na vida”, continua mais atual do que nunca e representa milhões de brasileiras Brasil afora.
Longe das areias cariocas, a empreendedora Marta Vieira, 59 anos, ganha a vida vendendo suas marmitas na Praça Sete, região central de BH, coração da capital mineira. O público é composto principalmente por pessoas do entorno, trabalhadoras como ela, que aproveitam o atrativo preço de R$ 8 como alternativa para se alimentarem na hora do almoço. Não por acaso, o negócio da empreendedora foi batizado de Baratex. “Acho importante tornar a alimentação acessível. Já passei dificuldade e sei o que é sentir fome”, diz.
Mãe de cinco filhos e 12 netos, dona Marta tem uma vida digna de novela. Natural de Timóteo, no Vale do Rio Doce, ela conta que foi abandonada pela mãe com apenas um ano de idade e foi levada para o Rio de Janeiro ainda criança para trabalhar como babá. Após ter seus três primeiros filhos e sofrer agressões do pai das crianças, decidiu voltar para BH, onde chegou a dormir na rua e catar papelão na rua para sobreviver. “Juntei dinheiro, comprei uma casinha e comecei a fazer comida para vender. Até que decidi vir para o Centro para aproveitar o fluxo de gente”, relembra.
Assim como ela, muitos também encontram nos temperos e panelas uma forma de se sustentar e empreender. De acordo com o Sebrae Minas, apesar de não haver dados específicos sobre negócios comandados por mulheres, é possível estimar que, só em Belo Horizonte, há 8.221 Microempreendedores Individuais (MEIs), 7.707 microempresas e 1.327 empresas de pequeno porte no ramo da gastronomia.
De acordo com Simone Lopes, analista do Sebrae Minas, muitas mulheres acabam entrando nesse ramo por uma questão estrutural. “Historicamente, elas estão na cozinha e se dedicando ao cuidado com a família. Fica mais fácil empreender em uma área que você já domina de alguma forma. A mulher pensa em algum produto que ela já faz, produz em maior quantidade e vende para conhecidos. Muitos negócios nascem assim”, explica.
Além de vender as marmitas, uma média de 70 por dia, dona Marta também é sócia de um restaurante self service no segundo andar de um prédio na mesma praça. A sociedade ajuda a reduzir custos e, por lá, os pratos são vendidos a R$ 14 sem balança. “Ainda não cheguei onde quero, tenho que pagar algumas dívidas e sonho em ter um restaurante só meu. Mas, considero que já venci na vida, ainda mais depois de tudo o que passei”, afirma.
Transição de carreira
Em outros casos, empreender na cozinha é uma oportunidade de mudar de carreira. Assim como Raquel, que deixou para trás sua função de guia de turismo quando se mudou de Foz do Iguaçu para o Rio de Janeiro, a empresária Valéria Fonseca, 46 anos, decidiu abandonar a carteira assinada em 2021. Após 13 anos de funcionalismo público, ela usou a gastronomia para ter mais flexibilidade de horários e realizar o sonho de ser mãe.
“Eu já vendia meus doces na Cidade Administrativa, para ter uma renda extra, mas sempre tive vontade de ter um negócio próprio e focar só nisso. A chance veio quando soube que a Localiza iria abrir uma nova unidade no Cachoeirinha, perto da minha casa. Montei uma lanchonete para atender aos trabalhadores da obra e deu muito certo. Mas, nem tudo saiu como eu esperava e enfrentei algumas dificuldades”, conta.
Após a obra ficar pronta, passaram-se alguns meses até a loja ser inaugurada e, nesse meio tempo, Valéria viu a clientela sumir e acabou fechando as portas. A empreendedora, entretanto, não se deixou abater. Tempos depois ela retornou com a produção de doces e voltou ao local para oferecer seus quitutes aos funcionários do prédio. Hoje, ela lucra cerca de R$ 5 mil por mês batendo ponto do lado de fora da locadora de veículos.
“Muitos clientes acabam fazendo encomendas para festas e também vendo em feiras da cidade. O desafio é que a gente acaba trabalhando muito mais, tem dia que estou fazendo doces de madrugada e acordo antes das 5h. Mas, não me arrependo. Vender meus doces me dá mais tempo com meu filho e uma renda que eu não teria em uma empresa com carteira assinada”, afirma.
Simone Lopes, analista do Sebrae Minas, aponta que o segmento permite esse tipo de “volta por cima”, uma vez que trabalhar com comida, muitas vezes, demanda baixo investimento. “Com pouco dinheiro já é possível comprar ingredientes, embalagens e iniciar um pequeno negócio, sem ter que alugar loja ou contratar funcionários. Também tem um retorno rápido, você vende e já reinveste em mais insumos”, explica.
Maternidade solo
Para quem é mulher e empreendedora, muitas vezes é desafiador se dividir entre o próprio negócio, as atividades domésticas e a criação dos filhos – ainda mais quando falta apoio paterno. Mãe de dois rapazes, Fabrícia Cascás dos Santos, 41 anos, trabalha na Feira Hippie para tirar o sustento da família. Assim como Raquel, que não tinha apoio do ex-marido Rubinho (Daniel Filho) na criação da filha, a empreendedora conta que também é mãe solo de um dos meninos – que são filhos de pais diferentes. “Felizmente, nunca tive medo do trabalho. Já fiz até faxina para complementar a renda”, diz.
Filha de um baiano com uma mineira, ela e o irmão herdaram as barracas de acarajé após a morte dos pais e ela já comanda o seu negócio sozinha há 18 anos. Trabalhando todos os domingos com a ajuda de três funcionários, ela tira uma média de R$ 6 mil de lucro por mês e conseguiu bancar o curso de nutrição, que é o seu plano B para o futuro.
“Tem gente que acha que só trabalhamos domingo. Mas, tem o dia de comprar os produtos, o dia da preparação e o dia da feira. Chegamos por volta de 4h e vamos embora às 16h. Apesar disso, não me imagino fazendo outra coisa por enquanto. Muitos clientes já viraram amigos e também interagimos muito com outros barraqueiros. Domingo sem feira é muito chato, sentimos falta quando não vamos”, afirma.
Ascensão e geração de empregos
Passado o período de turbulência, no qual Raquel usa a gastronomia para sobreviver, a personagem entra em uma nova fase. Após vencer uma concorrência para gerir o restaurante de um clube, ela consegue ir subindo aos poucos até se tornar dona de uma grande empresa com várias filiais, a Paladar, e passa a fornecer comida para empresas aéreas. Com a expansão, ela consegue também contratar pessoas, gerando emprego e renda para outras famílias.
Trajetória semelhante foi percorrida pela empresária Gislaine Cristina Diniz, que deu seu pontapé no empreendedorismo aos 22 anos, após vencer uma licitação para administrar um restaurante do Sesc.
“Venho de uma família de cozinheiros, minha mãe era salgadeira e eu sempre trabalhei no comércio. Permaneci no Sesc durante 15 anos e, além das refeições, também ganhei know how em pequenos eventos corporativos. Então, quando o contrato foi encerrado, eu precisei me reinventar e decidi investir justamente nesse segmento de festas”, relembra.
A solução encontrada por ela foi fundar o Aldini Buffet, em 1999, que realiza aniversários, festas de casamento e eventos corporativos para grandes empresas, como Vale, Sicoob e AngloGold Ashanti. Além disso, o salão de festas também serve almoço durante a semana e Gislaine lançou uma linha de marmitas congeladas para diversificar a renda. Ao todo, ela comanda uma equipe de 15 funcionários fixos – fora os freelancers.
“O segredo para prosperar na gastronomia é nunca cair na mesmice. Sempre fazemos questão de inovar e criar algo surpreendente, mesmo usando ingredientes triviais. Não precisa ser caro para ser gostoso. Em um país como o nosso, também é preciso persistir. O sucesso vem no dia a dia, nenhuma empresa nasce vitoriosa. O esforço tem compensado, crescemos 60% no ano passado em relação a 2023”, garante.
Vencendo junto com a mãe
Enquanto em “Vale Tudo” Maria de Fátima renegava Raquel, por vergonha de ser filha de uma cozinheira, Juliana Caldeira, 36 anos, reconhece o esforço da mãe a ponto de ter se tornado sócia dela. Trabalhando com comida há mais de quatro décadas, Maria Trindade fazia seus quitutes para vender em feiras e, em 2019, as duas conseguiram montar um restaurante em casa focado em gastronomia nordestina e mineira.
Juliana abriu um restaurante de comida mineira e nordestina ao lado da mãe. Foto: arquivo pessoal
“A demanda era alta, o pessoal comia na feira e perguntava quando teríamos o nosso espaço. O mesmo aconteceu com o delivery, que também implementamos. Essas demandas nos ajudaram a expandir aos poucos, o próximo passo é sair de casa e ter um espaço com mais visibilidade. Eu não tenho o talento para a cozinha, mas gosto da parte de administração e marketing, então a gente vai se complementando”, conta Juliana.
Unidas, as duas enfrentam uma jornada que não é fácil. Além do restaurante e do delivery, continuam vendendo seus produtos em feiras e ainda fazem eventos comerciais e particulares. Com uma equipe de cinco funcionários, fora os freelancers, elas faturam cerca de R$ 60 mil por mês. Porém, esse valor chega a quadruplicar em alguns meses, como a temporadas de festas juninas. “É ótimo trabalhar ao lado dela, só precisamos separar a vida pessoal da profissional. É o desafio de quem empreende em família”, reflete.
Além de não misturar “assunto de casa” com empresa, Simone Lopes, analista do Sebrae, dá outras dicas para ter sucesso na gastronomia. “Também é essencial padronizar processos, cuidar da segurança alimentar e saber precificar. O segmento oferece uma margem de lucro relativamente pequena, então é preciso que tudo esteja organizado para que a mulher prospere”.
Referência na área
O sucesso de Raquel, entretanto, não se limita à expansão de sua rede de restaurantes. Sua influência na gastronomia é tão grande que, em determinado ponto da novela, ela é convidada para dar palestras e ensinar outros empresários sobre boas práticas no empreendedorismo. História parecida com a da confeiteira Mônica Virgínia Chagas, que não se limita às suas encomendas e também oferece aulas e mentorias para outras mulheres que desejam trabalhar com doces e bolos. O serviço custa entre R$ 200 e R$ 1 mil dependendo da quantidade de aulas e carga horária.
“Eu ensino as receitas, que também são importantes, mas também é fundamental orientá-las sobre todos os aspectos do negócio. É preciso que elas aprendam a precificar os produtos corretamente, a divulgar seu trabalho e se relacionar com os clientes. Cozinhar é apenas uma parte do trabalho”, diz.
A empresária, que hoje fatura até R$ 30 mil por mês e é convidada para falar em eventos importantes, como a Confeitar Minas, garante que só consegue ajudar outras mulheres porque também já passou por vários perrengues e sabe como é difícil iniciar um negócio. Mônica já chegou a perder uma produção por ter errado uma receita, “fruto da falta de experiência”, e vendeu bombom em igrejas para obter renda e formar uma clientela.
“É importante nos fortalecermos e enxergar nosso potencial. Nossa área é muito desvalorizada. Muitos querem pagar pouco ou acham que estão comprando só para ‘ajudar’. Não é assim, somos geradoras de renda e a cozinha é nossa forma de realizarmos nossos sonhos, como viajar com os filhos ou adquirir algum bem”, defende.
Apoiando outras mulheres
Apesar da área gastronômica ser fértil para o empreendedorismo feminino, Simone Lopes, analista do Sebrae Minas, aponta que ainda é possível observar um aspecto machista quando a escala de hierarquia avança. “Há poucas mulheres em cargos de liderança, como chefs de cozinha, representando o Brasil no exterior ou em programas de TV. Então, quando uma mulher acende, ela ganha visibilidade e costuma carregar outras com ela”, diz.
Quem trabalha para mudar esse cenário é a chef Mariana Gontijo, proprietária do restaurante Roça Grande. Com uma equipe majoritariamente feminina, são quatro mulheres e um homem, ela tenta equilibrar o jogo de poderes que há nas cozinhas brasileiras.
“A gastronomia mineira foi trazida durante os séculos pelas mãos de mulheres. Mas, os cargos de destaque ainda são ocupados pelos homens, em sua maioria brancos. Também abrimos espaço para outras minorias, como as pessoas LGBT+, que têm mais dificuldade em ocupar bons cargos e ter salários dignos”, afirma.
Sucesso em Cuba
Além de representar a força da mulher empreendedora, a personagem Raquel Accioli também foi responsável por inspirar um tipo de negócio que se tornou popular em Cuba após a exibição da novela por lá.
O Congresso do país (Assembleia Nacional do Poder Popular) permitiu aos moradores que abrissem pequenos negócios particulares, fora do controle estatal. Foi com a chegada de Raul Castro ao poder, que essa modalidade econômica começou a se concretizar de vez.
Foi aí que surgiram pequenos restaurantes instalados em casas, que posteriormente foram chamados de paladares – em homenagem ao nome da empresa de Raquel, que se chamava Paladar.
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