Fevereiro de 2025 será lembrado como o mês mais seco já registrado no município do Rio de Janeiro. Segundo informações do Alerta Rio, a média de precipitação acumulada ficou em apenas 0,6 mm, em contraste com a média histórica de 123,3 mm para este período, o que representa uma diferença de 205 vezes. O fenômeno das ondas de calor e a formação de domos quentes têm sido fatores que bloqueiam a possibilidade de chuva em várias regiões do Brasil.
Alguns bairros do Rio, como o Jardim Botânico, na Zona Sul, enfrentaram a falta total de chuva, de acordo com dados da empresa de meteorologia e oceanografia AtmosMarine. Essa escassez hídrica traz sérias consequências para a vegetação local, exigindo cuidados especiais, especialmente na unidade de conservação do bairro.
Márcia Franco, diretora de Conhecimento, Ambiente e Tecnologia do Jardim Botânico, revelou que a irrigação do parque tem sido intensificada, com três sessões diárias de rega. Somente nesta quinta-feira, foram requisitadas 12 pipas d’água, totalizando 72 mil litros. “Estamos molhando toda a arboreta, desde as plantas menores até as maiores. Esse mês, devido ao tempo seco, está se fazendo necessário irrigar com essa frequência”, explicou.
Márcia destacou que, enquanto as grandes árvores conseguem alcançar água mais profunda no solo, a vegetação rasteira e as plantas ornamentais sofrem mais nas condições atuais. “As plantas estão bastante afetadas pelo calor intenso. Nos locais expostos ao sol, onde não há sombra das árvores, as folhagens ressecam rapidamente”, acrescentou.
Além do trabalho de irrigação, a equipe do Jardim Botânico implementou o uso de pipas d’água que percorrem as alamedas do parque, buscando mitigar os efeitos do calor e da seca. Com a diminuição da umidade, a grama está mais amarelada e as folhas secas são vistas pelo chão, refletindo a situação crítica da vegetação, mas isso não impede que muitos visitantes procurem o local para escapar do calor da cidade.
Os turistas têm buscado maneiras de se refrescar e amenizar o desconforto das altas temperaturas. “Estamos observando uma grande fila na entrada do parque, com muitos visitantes em busca de sombra, principalmente estrangeiros. Para amenizar a situação, estamos distribuindo água para aqueles que estão na fila”, acrescentou Márcia.
O Jardim Botânico, tradicionalmente conhecido por altos índices de precipitação, registrou neste fevereiro uma completa ausência de chuvas. Essa realidade se estende a bairros como Copacabana, Tijuca, Grajaú, Barra da Tijuca, Vidigal, Rocinha e Sepetiba, levando muitos a optar pelo refúgio que o parque oferece. Apesar dos desafios, o parque continua a atrair visitantes em busca de alívio no calor e da umidade que o local proporciona.
Enquanto alguns municípios da Região Metropolitana registraram chuvas isoladas, a capital fluminense não recebeu quase nada. As observações da AtmosMarine indicam que as áreas com maiores registros, como Grota Funda, alcançaram míseros 3 mm, e Bangu, com 2,2 mm.
Este cenário hídrico dramático marca um novo recorde, chamando a atenção não apenas por ser um mês marcado tradicionalmente pelas chuvas, mas também por coincidir com a estação chuvosa. Anteriormente, os menores índices de precipitação no município foram verificados em abril e maio do ano passado, além do verão de 2014/15, durante a grande crise hídrica que afetou o Sudeste.
A excepcionalidade dessa situação se torna ainda mais pertinente para o mês de fevereiro, que, usualmente, é caracterizado por um clima mais úmido. Este ano, contudo, a falta de chuva deixou uma marca indelével na paisagem carioca.
*Estagiário sob supervisão de Giampaolo Braga.
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