Os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelam que 75,5% das pessoas com diploma em medicina no Brasil se identificam como brancas. Essa proporção coloca a medicina como a área acadêmica com a maior participação de brancos entre as 11 áreas analisadas pelo instituto. Em números absolutos, isso significa que, de um total de 553,5 mil graduados em medicina, aproximadamente 417,8 mil são brancos.
Na sequência, a área de economia apresentou um percentual elevado de formados brancos, com 75,2%. Medicina e economia foram os únicos campos onde a participação branca superou 75%. Outras áreas como odontologia (74,4%) e direito (68,2%) também registraram porcentagens expressivas, mas inferiores àquelas observadas em medicina e economia.
Por outro lado, as populações preta e parda destacaram-se na área de serviço social, onde os pardos correspondem a 40,2% dos graduados e os pretos a 11,8%. A área de religião e teologia apresentou resultados semelhantes, com 39,8% de pardos e 11% de pretos entre os formados.
Considerando a população brasileira de maneira geral, os dados mostram que 45,3% se identificam como pardos, 43,5% como brancos, 10,2% como pretos, enquanto 0,6% se identificam como indígenas e 0,4% como amarelos.
Disparidade de Gênero nas Áreas de Formação
Outro aspecto importante apresentado pelo IBGE é a divisão por gênero nas áreas de formação. A análise indica um predomínio masculino na engenharia, com 92,6% dos graduados em engenharia mecânica e metalurgia sendo homens e apenas 7,4% mulheres. Essa disparidade foi vivenciada na prática por alunos como Oscar Fahl Ribeiro, de 29 anos, egresso do curso de engenharia mecânica em São Carlos (SP). “Em uma sala de 50 pessoas, se me lembro bem, tinha cinco ou seis mulheres, no máximo”, lembra Oscar.
Pedro Rocha, de 26 anos e também engenheiro mecânico, compartilha experiência similar. Em diversas situações durante a graduação, ele chegou a ter apenas uma colega mulher na sala. “Nas turmas que eram divididas com a engenharia civil, percebi que havia mais mulheres, talvez uns 40% ou 50%. Na mecânica, era menos”, comenta Pedro, que estudou em Belo Horizonte entre 2018 e 2022.
Ao contrário do que ocorre na engenharia, a área de serviço social destaca-se pela alta participação feminina. Em 2022, 93% dos graduados neste campo eram mulheres, enquanto os homens representavam apenas 7%. Outras áreas com considerável presença feminina incluem a formação de professores (92,8%) e a enfermagem (86,3%).
A predominância feminina em profissões relacionadas ao cuidado reflete um padrão histórico, muitas vezes ligado a tarefas não remuneradas que ocorrem dentro dos lares, levando à sobrecarga para a população feminina, conforme apontam especialistas.
O IBGE também apresentou um ranking das 40 áreas mais representativas em termos de número absoluto de graduados. Gestão e administração lideram o ranking com quase 4,1 milhões de graduados, seguidas pela formação de professores (3,1 milhões), direito (2,5 milhões) e promoção, prevenção, terapia e reabilitação (1,4 milhão).
É importante ressaltar que os dados do Censo não incluem informações sobre a renda dos graduados, mas a disparidade salarial entre homens e mulheres é uma realidade notória no mercado de trabalho brasileiro, refletindo desafios persistentes na busca pela equidade de gênero.
Leia a matéria na integra em: www1.folha.uol.com.br