Nova Surge de COVID-19 em 2025: Análise dos Casos e Implicações para a Saúde no Brasil

Nos primeiros meses de 2025, a saúde pública no Brasil enfrenta um novo desafio: um aumento significativo nos casos de covid-19, o que levanta a possibilidade de uma nova onda da doença. De acordo com os dados oficiais, foram registrados 108,41 mil novos casos em apenas sete semanas epidemiológicas, evidenciando um crescimento de aproximadamente 52% em comparação aos 71,48 mil casos contabilizados no mesmo período do ano anterior, de 10 de novembro a 28 de dezembro de 2024.

Este aumento é acompanhado por uma elevação no número de óbitos, que cresceu cerca de 6% — totalizando 511 mortes nas primeiras semanas de 2025, contra 483 no final do ano passado.

Conforme o Informe de Vigilância das Síndromes Gripais, publicado pelo Ministério da Saúde, até a sétima semana de 2025, foram registradas 3.980 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Vale ressaltar que a covid-19 foi responsável por 48% das internações e por impressionantes 87% dos óbitos relacionados a SRAG nesse mesmo período.

À primeira vista, os números alarmantes podem indicar o início de uma nova onda da doença. Entretanto, é importante contextualizar: os dados atuais representam o menor número de casos e óbitos no início do ano desde 2021. Importante ressaltar que o primeiro caso oficialmente registrado em 2020 ocorreu em 26 de fevereiro, e, por isso, não entra nas contagens comparativas.

Casos de Covid-19 nas primeiras sete semanas epidemiológicas (por ano)

Fonte: Ministério da Saúde

Da mesma forma, o número de óbitos também reflete uma tendência positiva, sendo o menor observado para o período desde 2021:

Mortes por Covid-19 nas primeiras sete semanas epidemiológicas (por ano)

Fonte: Ministério da Saúde

Deve-se temer a nova onda?

Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que, apesar do aumento dos casos de covid-19 em 2025, isso não necessariamente justifica o pânico, mas sim a necessidade de cautela em relação às medidas de proteção individual, especialmente a vacinação.

O médico infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emilio Ribas, destaca que, após a vacinação, o SARS-CoV-2 passou a se comportar como um vírus com características sazonais. Definido como mais predominante nas épocas frias, suas peculiaridades no Brasil incluem um pico de casos associado ao período de festas, como o Carnaval, onde as aglomerações são mais frequentes.

“No caso da covid aqui no Brasil, existem elementos que podem alterar esse padrão: as festas de final de ano, onde as pessoas se reúnem e, subsequentemente, o início do Carnaval, o que facilita a disseminação do vírus.”

Suleiman também ressalta que após a vacinação, a cobertura vacinal de covid-19 experimentou uma queda acentuada. Dados do Ministério da Saúde mostram que menos da metade da população brasileira recebeu a terceira dose da vacina, e menos de 25% se imunizou com a vacina bivalente:

  • 86,46% dos brasileiros tomaram as duas doses da vacina monovalente;
  • 56,19% receberam as três doses da vacina monovalente;
  • 19,52% tomaram quatro doses da vacina monovalente;
  • 21,65% foram vacinados com a vacina bivalente.

“A Covid pode ser imunoprevinível. Então, se isso vai ser uma onda, não sei. O Carnaval está aí, e podemos ter um pico nesse momento”, afirma Suleiman.

Segundo Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o atual cenário é propício para o surgimento de novas variantes do vírus, dado o aumento de viagens e o contato entre as pessoas nessa época do ano. Ele comenta que, nos últimos dois anos, o Brasil tem registrado o aumento de casos nesta época, além de que uma nova variante pode se disseminar rapidamente.

Croda também destaca a importância da vacinação, sobretudo para grupos de risco como pessoas acima de 60 anos, imunossuprimidos e gestantes:

“É crucial ter uma vacina atualizada que proporcione maior proteção contra estas novas variantes. Importante frisar que uma vacina não atualizada oferece proteção, mas de forma limitada.”

Além disso, os especialistas mencionam a eventual subnotificação dos casos, recordando que durante o período crítico da Pandemia, existia uma busca intensa por testagem ao apresentar os primeiros sintomas de covid-19, algo que foi perdendo força ao longo do tempo.

Suleiman ainda destaca a capacidade do vírus de se adaptar, tornando-se menos grave em sua forma após contato com pessoas vacinadas: “O ponto crucial é se essa perpetuação ocorrer junto à redução de gravidade nas populações mais vulneráveis.”

Recentemente, o Boletim InfoGripe, publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indicou que 9 das 27 unidades federativas do Brasil apresentam níveis de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco nas últimas semanas, incluindo Acre, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Pará, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.

Destes estados, sete têm mostrado crescimento nos casos de SRAG a longo prazo nas últimas seis semanas, com destaque para a alta observada entre crianças e adolescentes até 14 anos.

Apesar dessa ascensão nos números, a taxa de incidência da covid-19 permanece categorizada como “muito baixa”, com a maioria dos estados apresentando índices abaixo de 20,47, exceto Roraima, Ceará e Mato Grosso, segundo informações do Ministério da Saúde.

Leia a matéria na integra em: valor.globo.com

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