Faculdade Sírio-Libanês Anuncia Novo Curso de Medicina

A abertura de cursos de Medicina continua em expansão no Brasil, e a Faculdade Sírio-Libanês é a mais recente instituição a se somar a essa tendência. Parte do renomado grupo do hospital paulista, que ao longo de um século construiu uma sólida reputação, a faculdade agora conta com um novo bacharelado em Medicina.

Recém-autorizado pelo Ministério da Educação (MEC), o curso terá capacidade para 100 alunos por ano e será estruturado em 12 semestres, totalizando 8.600 horas de formação. As inscrições para o vestibular devem se abrir ainda este mês, com as aulas programadas para iniciar no dia 4 de agosto.

Durante o evento de lançamento, a presidente do Sírio-Libanês, Denise Jafet, enfatizou a importância histórica do novo curso e o compromisso da instituição em formar profissionais de excelência. O corpo docente será composto por 98% de doutores, com uma média de 17 anos de experiência clínica e 9 anos de atuação no ensino. A mensalidade prevista é de R$ 12.400, sendo que 10% das vagas são destinadas a bolsas integrais.

Além desse novo curso, a Faculdade Sírio-Libanês já oferece diversas graduações na área de saúde, incluindo Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia e Biomedicina, todas devidamente aprovadas pelo MEC.

A Corrida pelos Cursos de Medicina

O crescimento acelerado das vagas em cursos de Medicina traz à tona preocupações sobre a qualidade do ensino, uma vez que muitos estudantes investem tempo e dinheiro em suas formações. O estudo ProvMed 2030, de 2020, já apontava para essa expansão desmedida, prevendo um aumento no número de escolas de Medicina. Atualmente, o Brasil abriga mais de 390 faculdades de Medicina, sendo aproximadamente 80% privadas.

A atração financeira desses cursos é significativa, com mensalidades que variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil. Tal realidade tem atraído grandes grupos econômicos que investem massivamente no setor, levando a um aumento do endividamento entre os estudantes.

Desafios do Mercado Médico

Embora a formação de novos médicos seja essencial, surge um questionamento sobre a qualidade dos cursos oferecidos por instituições que não possuem a mesma tradição do Sírio-Libanês. A inquietação se agrava ao considerar o elevado nível de endividamento dos alunos e os possíveis impactos futuros na vida profissional deles. Existe, inclusive, a proposta de um exame especial para o exercício da profissão, à semelhança da prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o que pode gerar frustração para muitos alunos que, após dispendiosas formações, não consigam aprovação.

Portanto, é fundamental que haja um monitoramento eficiente por parte do MEC, visando garantir que os cursos realmente proporcionem a formação necessária para os novos profissionais, além de equiparar a qualidade de ensino entre as diversas instituições.

No Ceará, por exemplo, existem 25 cursos de Medicina disponíveis, totalizando aproximadamente 2.200 vagas anuais em universidades públicas e privadas. A questão que permanece é: qual será o efeito disso sobre a qualidade do atendimento médico e a remuneração dos profissionais no futuro? Somente o tempo trará essa resposta.