A Influência da Dieta na Evolução do Câncer de Próstata
A relação entre a dieta, a microbiota intestinal e a evolução do câncer de próstata tem ganhado destaque em discussões médicas e científicas. Estudos recentes demonstram que a alimentação pode desempenhar um papel crucial na progressão da doença, especialmente em casos de baixo risco. Estima-se que cerca de 30% dos pacientes diagnosticados com câncer de próstata localizado possam ser monitorados sem a necessidade de intervenções imediatas, através de um método conhecido como observação vigilante.

Recentemente, durante o Simpósio de Tumores Geniturinários promovido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), um estudo analisou 212 pacientes com câncer de próstata. Esses participantes foram divididos em dois grupos: um deles recebeu uma dieta suplementada com probióticos, visando a melhoria da flora intestinal e da resposta imunológica contra a doença, enquanto o outro grupo seguiu uma dieta convencional, que serviu como controle.
Os resultados foram bastante significativos. No grupo que adotou a dieta com probióticos, os níveis de PSA (Antígeno Prostático Específico) apresentaram uma redução aproximadamente três vezes maior em comparação ao grupo controle. Além disso, este mesmo grupo também demonstrou uma melhoria nos sintomas urinários, evidenciando o impacto positivo da alimentação no processo de evolução da doença. Esses achados não são isolados. Um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology já havia mostrado anteriormente como a dieta pode influenciar o comportamento do tumor.
Outro estudo relevante envolveu 100 pacientes em situação de observação clínica. Neste caso, um grupo seguiu uma dieta normal enquanto o outro foi instruído a consumir uma alimentação rica em Ômega 3 e com baixo teor de Ômega 6, por meio de cápsulas de óleo de peixe. Após um período de um ano, os pacientes passaram por uma nova biópsia para avaliar a taxa de proliferação tumoral.
Os resultados foram impressionantes: os pacientes que incluíram Ômega 3 em sua dieta apresentaram uma diminuição de 15% na taxa de proliferação do tumor, enquanto aqueles no grupo controle não apenas mantiveram, mas viram a taxa aumentar em 24%. Este estudo reitera a importância da dieta como uma aliada nos cuidados com a saúde e no manejo do câncer de próstata, latente ou não.
Com essas evidências em mão, a discussão sobre a eficácia de intervenções dietéticas em conjunto com tratamentos convencionais para o câncer de próstata torna-se cada vez mais pertinente. A alimentação saudável não apenas contribui para o bem-estar geral, mas pode atuar como um suporte adicional vital na luta contra a progressão dessa doença, apresentando-se como uma ferramenta preventivamente valiosa.
*Por Dr. Fernando Maluf – CRM 81.930
Oncologista
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