A proposta de reforma do NHS, o sistema de saúde britânico, tem gerado intensas discussões e controvérsias. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou recentemente a intenção de reformular a estrutura do NHS England, visando integrá-lo à administração direta do governo e, assim, retirar sua independência. Essa mudança pode impactar negativamente os trabalhadores da saúde, com a previsão de milhares de demissões e uma significativa redução nos atendimentos.
A reforma, apresentada como uma tentativa de “reduzir a burocracia” e “promover a responsabilidade democrática”, suscita preocupações sobre a qualidade do serviço oferecido à população. Críticos, incluindo sindicatos e especialistas, levantam sérias questões sobre os riscos associados a essa mudança. O Secretário de Saúde, Wes Streeting, chamou esse movimento de um passo em direção ao “último prego no caixão” de uma reforma anterior, implementada em 2012, que, segundo ele, causou tempos de espera recordes, insatisfação entre os pacientes e custos mais altos para o NHS.
Desconfiança e Incertezas
A extinção de uma entidade que gerencia um orçamento de £200 bilhões, sem um plano claro para a melhoria da eficiência e qualidade do serviço, gera incertezas. O sindicato Unison, o maior do setor de saúde no Reino Unido, criticou a forma abrupta e confusa com que o anúncio foi feito, descrevendo a situação como “caótica”. Christina McAnea, secretária-geral do Sindicato, destacou a necessidade urgente de novos profissionais e melhores condições de trabalho, enfatizando que um aumento salarial digno poderia fazer uma grande diferença na retenção de pessoal já alinhado ao NHS.
Além disso, a transferência de poder do NHS England para o Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) levanta questões sobre a politização da saúde. Hugh Alderwick, especialista da Health Foundation, expressou preocupação, afirmando que reestruturar organizações do NHS tende a ser altamente disruptivo e raramente resulta nas melhorias esperadas pelos políticos. Ele alerta que esse processo pode consumir recursos que deveriam ser utilizados para aprimorar a atenção ao paciente.
Apoios à Reforma
Por outro lado, grupos mais vinculados ao liberalismo, como o think tank Reform, comemoraram a decisão, defendendo que questões relacionadas ao uso de £200 bilhões do dinheiro dos contribuintes deveriam ser decididas por um governo eleito, e não por uma entidade independente. Contudo, o histórico de reformas no NHS mostra que cortes e reestruturações administrativas muitas vezes resultam na deterioração da qualidade do serviço e aumentam a pressão sobre os funcionários de saúde.
Este cenário complexo e cheio de incertezas continua a evoluir, com os profissionais de saúde e a população em geral atentos aos próximos passos do governo britânico em relação ao sistema de saúde. O NHS, um dos pilares da assistência social no Reino Unido, enfrenta desafios que podem definir sua trajetória nos próximos anos.
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