Mercado Financeiro: Ibovespa Sofre Recuo em Dia de Vencimento de Opções
O Ibovespa, principal índice da B3, apresentou uma queda significativa nesta quarta-feira, recuando 1,69% e alcançando 124.380,21 pontos. O movimento ocorreu após dois dias consecutivos de ganhos, com altas de 0,76%. O volume de negociações foi intenso, totalizando R$ 55,8 bilhões, especialmente por ser um dia marcado pelo vencimento de opções sobre o índice.
No decorrer da sessão, o índice oscilou entre 124.115,91 e 126.512,74 pontos, sendo este último o mesmo nível em que começou a operar. Apesar das flutuações, o desempenho da bolsa se manteve no território negativo, acumulando uma queda de 1,39% no mês e 0,19% na semana. Somente nove das 87 ações da carteira teórica conseguiram se destacar em alta ao final do dia, uma situação que ressalta a dificuldade enfrentada pelos investidores.
Principais Altas e Baixas do Dia
Na lista de ações em queda, destacaram-se Hapvida, que teve um recuo de 7,17%, CSN Mineração com baixa de 5,83%, e CVC, que caiu 5,67%. Do outro lado da moeda, Carrefour Brasil subiu 2,68%, seguido por Vamos e TIM, com altas de 2,42% e 2,19%, respectivamente. As blue chips, em sua maioria, encerraram o dia em baixa: Bradesco apresentou perdas de 3,71% na ação ordinária (ON) e 4,56% na preferencial (PN). Petrobras também viu suas ações cederem, com quedas de 2,31% e 1,49% nos papéis ON e PN, respectivamente, influenciadas pela desvalorização do petróleo, que caiu mais de 2% em função da expectativa de um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, mediado pelos Estados Unidos. Vale, por sua vez, teve um fechamento em baixa de 0,67%.
Dados Econômicos dos EUA: Inflacionários e suas Implicações
O dia foi marcado por importantes dados econômicos, com destaque para o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que subiu 0,5% em janeiro em comparação a dezembro, segundo o Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o CPI avançou 3,0% no mesmo período, superando as expectativas de analistas que projetavam uma alta de 0,3% e 2,9%, respectivamente. Em dezembro, o índice já havia registrado um aumento de 0,4% em relação a novembro e de 2,9% na taxa anual.
Daniel Siluk, diretor global de curta duração e liquidez da Janus Henderson, afirmou que, após essa leitura do CPI, ficou claro que o Federal Reserve (Fed) não deverá reduzir a taxa de juros em breve. O especialista destacou que todos os dados vieram acima do que era esperado, o que poderia indicar um ajuste na política monetária mais restritiva.
Pandemia de Surpresas na Economia
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, também sinalizou uma piora nas médias móveis de três e seis meses, ajustadas sazonalmente e anualizadas, que superaram 3,5%, distanciando-se da meta de 2,0% do Fed. Sung acredita que o reajuste de preços no começo de 2024 será expressivo, e o banco central deve adotar uma posição mais cautelosa, aguardando a evolução dos próximos dados econômicos. Em sua análise, ele espera que, se não houver grandes choques, a inflação nos EUA poderá desacelerar ao longo do ano, possibilitando um possível corte nas taxas de juros apenas em 2025.
Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, também comentou sobre os dados do CPI, descrevendo a leitura como ruim e afirmando que tanto o resultado total quanto o núcleo do índice vieram acima das expectativas.
Expectativas para o Mercado
Pela tarde, a atenção dos investidores deverá se voltar para Jerome Powell, presidente do Fed, que participará de uma sessão na Câmara dos EUA. Em aparições anteriores, ele reiterou a necessidade de uma abordagem firme com relação à taxa de juros.
No Brasil, indicadores econômicos também estão em foco. O volume de serviços prestados caiu 0,5% em dezembro na comparação com novembro, contrariando as expectativas que projetavam um crescimento de 0,1%. No entanto, o crescimento anual foi de 3,1% no consolidado de 2024, embora ligeiramente abaixo da mediana das estimativas, que era de 3,2%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também fez declarações relevantes ao longo do dia. Em entrevista à Rádio Diário FM, ele comentou sobre a necessidade de dar tempo ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para que a taxa de juros possa cair nos próximos meses. Lula reiterou que uma queda imediata não é viável e apontou o antecessor, Roberto Campos Neto, como responsável pelas recentes altas nas taxas.
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