Na última sexta-feira, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) emitiu uma nota pública criticando uma declaração atribuída a Luís Antônio Benvegnú, diretor de atenção à saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), durante uma reunião com residentes. Segundo relatos, ao debater uma crítica levantada pelos residentes, Benvegnú fez uma comparação infeliz, afirmando que “já existe Rivotril litrão”.
Essa fala ocorreu em um contexto de discussão sobre a transferência do serviço de ginecologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição para o Hospital Fêmina, ambos operados pelo GHC. O Simers destacou que o comentário foi direcionado a residentes que se opõem à mudança e afirmou que a declaração configura assédio moral. Em comunicado, o sindicato ressaltou: “A manifestação atenta contra a postura exigida a um gestor e causou constrangimento a residentes que estavam presentes. Usar a tal expressão, ainda mais para mulheres, reforça estigmas existentes na sociedade sobre saúde mental e acaba ridicularizando quem realmente precisa do medicamento”.
Para contextualizar, Rivotril é o nome comercial do clonazepam, um medicamento amplamente prescrito para o tratamento de crises epiléticas e transtornos de ansiedade. Seu uso requer acompanhamento médico rigoroso, e sua prescrição é controlada devido ao potencial de dependência.
Críticas à Transferência de Ginecologia e Questões Pendentes
O Simers também se manifestou contra a decisão do GHC de transferir o Serviço de Ginecologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição para o Hospital Fêmina, uma mudança que está programada para entrar em vigor no dia 1º de março. O sindicato alega que essa alteração comprometerá o atendimento a milhares de mulheres na zona norte de Porto Alegre e nas cidades vizinhas da Região Metropolitana.
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Trindade, expressou sua preocupação, afirmando que “a zona norte pode ficar sem um serviço de referência na área de ginecologia, o que resulta em desassistência para essa população”. Ele enfatizou a necessidade de esclarecer como serão gerenciados os fluxos de atendimento e mencionou que, apesar das reuniões, várias perguntas permanecem sem resposta por parte do GHC.
No mês passado, o GHC justificou a transferência ao Cremers afirmando que ocorria ociosidade nos leitos de internação do Hospital Fêmina. A partir dessa situação, foi anunciado um planejamento para a construção de um centro de atenção à saúde da mulher. Uma nova reunião interna a ser realizada nesta terça-feira irá debater a transferência do serviço.
O descontentamento em relação a essas mudanças e as declarações feitas em reuniões continuam a gerar discussões significativas na comunidade médica e entre os profissionais de saúde, levantando questões sobre a gestão e a qualidade do atendimento na região.
Leia a matéria na integra em: www.matinaljornalismo.com.br