Por Eduardo Baptista
China Avança em Pesquisas com Chips Cerebrais
PEQUIM (Reuters) – Uma colaboração entre o Instituto Chinês para Pesquisa do Cérebro (CIBR) e a empresa de tecnologia NeuCyber NeuroTech, situada em Pequim, anunciou que planeja implantar seu chip cerebral em 13 pessoas até o fim deste ano. Essa movimentação pode colocar a equipe chinesa à frente da Neuralink, empresa de Elon Musk, no que diz respeito à coleta de dados de pacientes.
O chip, denominado Beinao No.1, é um dispositivo cerebral sem fio e semi-invasivo, e já foi implantado em três pacientes no mês passado. A expectativa é de que mais 10 pacientes sejam atendidos ainda em 2023, conforme revelou Luo Minmin, diretor do CIBR e cientista-chefe da NeuCyber.
A NeuCyber, uma empresa estatal, traça planos ambiciosos para ampliar seus testes. “No próximo ano, após obter a aprovação necessária, planejamos realizar testes clínicos formais com cerca de 50 pacientes”, comentou Luo durante o Fórum Zhongguancun de tecnologia, em Pequim. Detalhes sobre o financiamento e a duração desses testes ainda não foram divulgados.
Acelerando os testes em humanos, a parceria entre o CIBR e a NeuCyber pode transformar o Beinao No.1 no chip cerebral com o maior número de pacientes do mundo, evidenciando a determinação da China em alcançar os principais desenvolvedores internacionais do setor.
Atualmente, a empresa americana Synchron lidera globalmente os testes em humanos, com 10 pacientes, sendo seis nos Estados Unidos e quatro na Austrália. Enquanto isso, a Neuralink, de Musk, possui três pessoas implantadas com seu dispositivo.
A Neuralink investe no desenvolvimento de chips cerebrais sem fio que são inseridos diretamente no cérebro, visando otimizar a qualidade do sinal. Em contrapartida, empresas rivais, como a NeuCyber, focam na criação de chips semi-invasivos, que são posicionados na superfície do cérebro. Essa abordagem, embora implique uma perda na qualidade do sinal, apresenta menor risco de danos ao tecido cerebral e complicações pós-cirúrgicas.
Imagens veiculadas pela mídia estatal chinesa recentemente mostraram pacientes com algum tipo de paralisia utilizando o Beinao No.1 para operar um braço robótico e até controlar uma tela de computador com seus pensamentos.
“Desde que anunciamos os testes bem-sucedidos do Beinao No.1 em humanos, recebemos inúmeras solicitações de ajuda”, complementou Luo.
No ano anterior, tanto o CIBR quanto a NeuCyber sequer haviam iniciado os testes em humanos. Eles haviam apenas reportado que o Beinao No.2, um chip invasivo desenvolvido anteriormente, foi testado com êxito em um macaco, que conseguiu operar um braço robótico.
Luo também mencionou que uma versão sem fio do Beinao No.2, similar ao produto da Neuralink, está em desenvolvimento e ele espera que testes em humanos com esse dispositivo comecem nos próximos 12 a 18 meses.
Recentemente, a Synchron anunciou uma parceria com a Nvidia (NASDAQ: NVDA) para integrar a plataforma de inteligência artificial da fabricante de chips aos sistemas de interface cérebro-computador (BCI) da empresa. Luo afirmou que a CIBR e a NeuCyber estão em conversas ativas com investidores e estão ansiosas para captar recursos, embora alertasse que qualquer parceria futura precisaria ser pautada pela inovação e não pela busca de lucros imediatos.
“No curto prazo, o que pode ser comercializado na área de BCI é bastante limitado”, disse Luo, acrescentando que o Beinao não tem vínculos com os militares chineses e está focado no auxílio a pacientes com diferentes tipos de paralisia.
A NeuCyber pertence à Zhongguancun Development Corporation, que gerou uma receita superior a 9 bilhões de iuanes (aproximadamente US$ 1,24 bilhão) em 2023, de acordo com registros corporativos chineses.
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