Em um movimento inédito, oito grandes empresas brasileiras se uniram para formar a Colaboração Brasileira de Bem-Estar Animal (Cobea), uma iniciativa que visa transformar a pecuária no Brasil através de práticas sustentáveis e responsáveis. Essa aliança promete melhorar não apenas a percepção da indústria, mas também a qualidade de vida dos animais envolvidos.
O lançamento da Cobea foi destacado em um episódio recente do programa Giro do Boi, onde participaram renomados especialistas, como Everton Andrade, médico-veterinário da JBS, Elisa Tjarnstrom, diretora da Cobea, e José Ciocca, diretor do programa Produtor do Bem, que busca certificar práticas de bem-estar animal em todo o país.
Cobea: união de forças pelo bem-estar animal
A Colaboração Brasileira de Bem-Estar Animal foi criada em 2023 com o intuito de fomentar um diálogo mais ativo entre os diversos elos da cadeia de produção de proteína animal, que vai do campo até o varejo. O objetivo principal é claro: padronizar compromissos, promover boas práticas e consolidar o Brasil como um líder global em bem-estar animal.
“A ideia é que todas as empresas falem a mesma língua quando o assunto é bem-estar animal. A união permite mais impacto, mais diálogo e maior visibilidade internacional”, afirma Everton Andrade.
Empresas como Nestlé, JBS, Minerva Foods, Special Dog, Danone, Planalto Ovos, Mantiqueira e IMC estão entre as pioneiras a integrar essa coalizão.
Certificação nacional e realidade brasileira
José Ciocca destaca que a certificação oferecida pela Cobea é única ao ser adaptada à realidade brasileira. As práticas implementadas visam atender desde o pequeno produtor ao que já adota métodos mais avançados.
“Criamos uma certificação multinível, que respeita o produtor em diversas etapas. É uma solução tropicalizada, feita para o Sul Global”, explica Ciocca.
A certificação é crucial não apenas para monitorar e mensurar os resultados produtivos, mas também para abrir portas em mercados exigentes, como o Japão e a União Europeia.
Elisa Tjarnstrom, à frente da Cobea, ressalta que o perfil do consumidor global está mudando. “Os mercados internacionais não aceitam apenas volume. Eles querem saber como os produtos foram produzidos, respeitando tanto os animais quanto o meio ambiente”, destaca.
A Cobea também se posiciona como uma vitrine para boas práticas brasileiras e busca estabelecer conexões com iniciativas semelhantes em outros países, para divulgar o que o Brasil tem de melhor.
Benefícios diretos para o produtor
Os benefícios da implementação de práticas de bem-estar animal vão além da ética; eles também proporcionam vantagens financeiras significativas ao produtor. Dentro desse cenário, Everton Andrade observa que:
- Animais bem tratados tendem a ter um melhor desempenho zootécnico;
- Reduzem as perdas por lesões ou estresse;
- A qualidade do couro e da carne melhora, resultando em maior remuneração final.
Cadeia completa: da pecuária à indústria pet
A Cobea visa integrar toda a cadeia da proteína animal, incluindo setores frequentemente negligenciados, como a indústria pet food, que utiliza subprodutos da pecuária. Além disso, segmentos como o couro, moda e automotivo de luxo também estão se tornando mais exigentes em relação a rastreabilidade e responsabilidade nas práticas de produção.
Como o produtor pode participar
Embora a Cobea tenha iniciado como uma iniciativa corporativa, busca ampliar sua atuação junto a produtores rurais, associações e cooperativas. É fundamental que cada elo da cadeia contribua para a solução:
“O produtor rural precisa enxergar o bem-estar animal como uma ferramenta de produtividade, além do aspecto ético. Com cuidados e manejo adequados, os ganhos são reais”, afirma Everton.
A aliança já está em contato com o Ministério da Agricultura e outras entidades para expandir parcerias, desenvolver linhas de crédito e promover capacitação no setor.
O Brasil pode ser líder global em bem-estar animal
A Cobea surge para demonstrar ao mundo que o Brasil é não apenas uma potência na produção de alimentos, mas também está comprometido com práticas responsáveis, éticas e sustentáveis no trato com os animais.
“O que não é comunicado, não é valorizado. E o Brasil precisa contar melhor sua história”, finaliza José Ciocca.
Com essa nova aliança, o futuro da pecuária brasileira promete ser mais sustentável e ético, criando um novo padrão para o setor.
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