Carnaval em Minas Gerais: O Cancelamento de Festividades e a Busca por Melhorias
A pouco mais de 20 dias do carnaval, diversas cidades do estado de Minas Gerais tomaram a drástica decisão de cancelar as festividades e suspender investimentos voltados para a festa. Entre as localidades afetadas estão Guaranésia, Três Corações, Guapé, Serro, Santa Vitória, Carmo da Mata, Lagoa Formosa e Santana do Paraíso. As justificativas para essa decisão variam, incluindo dificuldades financeiras e a necessidade de reinvestir os recursos em áreas essenciais como saúde e infraestrutura.
Decisões em Guaranésia e Guapé
O município de Guaranésia anunciou o cancelamento do carnaval no dia 29 de janeiro, por meio de uma nota nas redes sociais da prefeitura. O prefeito destacou que a escolha, ainda que difícil, visa priorizar áreas como saúde e infraestrutura. Em 2024, Guaranésia havia investido cerca de R$ 392 mil para a realização da festa. Agora, os recursos serão usados em reformas no Programa Saúde da Família (PSF), na recuperação de pontes e na manutenção das estradas rurais. No entanto, detalhes sobre o valor a ser investido em cada uma dessas ações ainda não foram divulgados.
Em contrapartida, a prefeitura de Guaranésia anunciou a realização de três novos projetos culturais durante os meses de fevereiro e março, com um orçamento de R$ 168 mil destinado a essas atividades.
Já em Guapé, uma carta aberta à população comunicou a suspensão das festividades. O prefeito Randerson Ribeiro também justificou que os recursos que seriam alocados para o carnaval serão redirecionados para a saúde, educação e infraestrutura rural. A cidade possui cerca de 13 mil solicitações pendentes na área da saúde, incluindo exames e consultas especializadas. A administração ainda não se manifestou sobre qual seria o valor inicialmente destinado à festa.
Dívidas e Situação Financeira em Três Corações
Em Três Corações, o cancelamento do carnaval também foi motivado por questões financeiras. O prefeito Dimas Abrahão, em um vídeo divulgado ao lado de seus secretários, esclareceu que os recursos que seriam usados no evento, cerca de R$ 430 mil, serão aplicados em dívidas acumuladas, como medicamentos e rescisões de funcionários.
A situação é semelhante em Lagoa Formosa, onde o prefeito José Amorim justificou a suspensão da festa em função do déficit orçamentário. Em 2024, a realização do carnaval custou aproximadamente R$ 1 milhão, um valor que agora será redirecionado para a recuperação de serviços essenciais.
“Reconhecemos o valor cultural do carnaval, mas neste momento, a responsabilidade de garantir a melhoria dos serviços essenciais deve ser nossa prioridade”, declarou o prefeito Amorim.
Foco nas Necessidades Emergenciais
Sob as consequências das fortes chuvas que atingiram Minas Gerais, cidades como Serro e Carmo da Mata também cancelaram investimentos no carnaval. O Serro relatou um prejuízo de mais de R$ 10 milhões em decorrência das chuvas, forçando a cidade a entrar em situação de emergência. A prioridade agora é a recuperação da infraestrutura e a assistência às famílias afetadas.
A situação não é diferente em Carmo da Mata, onde um decreto de emergência foi emitido em resposta às catástrofes climáticas que afetaram o município. A secretária de Cultura, Bruna Oliveira, comentou que a realização do carnaval se tornou legalmente inviável, dada a condição de calamidade enfrentada pelo município.
Alternativas e Oportunidades
Por outro lado, enquanto algumas cidades cancelam as festividades, as cidades históricas de Minas Gerais se preparam para um carnaval vibrante. Ouro Preto, um dos principais polos carnavalescos do estado, deu início à sua folia no dia 1º de fevereiro, com eventuais shows e desfiles programados. O investimento na festa ocorrerá na casa dos R$ 2,5 milhões, com expectativas de grande público.
Outras localidades, como Diamantina, São João del-Rei, Sabará e Mariana, também se mobilizam para garantir eventos que celebrem a cultura local, focando na tradição e no entretenimento.
Apoio Governamental e Recursos
A Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais está ciente dos cancelamentos, mas ressalta que as prefeituras necessitam apresentar projetos para captar recursos destinados ao carnaval. Até o momento, as cidades que cancelaram não submeteram propostas nos editais disponíveis. O secretário de Cultura, Leônidas Oliveira, lembrou que o governo estadual investe cerca de R$ 60 milhões em festividades, com boa parte desse valor reservada para a capital.
“As prefeituras têm autonomia para realizar ou não o carnaval, mas precisamos ver propostas concretas para que o Estado possa contribuir”, destacou Oliveira.
À medida que a data se aproxima, o carnaval em Minas Gerais revela um cenário contrastante. Enquanto algumas cidades buscam priorizar recursos para áreas essenciais, outras se prepararam para receber a folia, reafirmando a importância dessa tradição para a cultura local. A expectativa agora recai sobre o que os próximos dias reservam para cada município.
Leia a matéria na integra em: www.em.com.br