Tarifas de EUA se igualam às do Brasil: O que isso significa para o comércio?

Ricos Brasileiros e o Turismo de Compras nos EUA

Uma reportagem publicada pelo The Wall Street Journal revela que muitos brasileiros endinheirados estão passando parte das suas férias fora do Brasil, especialmente nos Estados Unidos, em busca de produtos que frequentemente retornam para casa nas bagagens de mão. Essa prática, porém, tem gerado um efeito indesejado nas viagens aéreas, com atrasos nas decolagens devido à superlotação nos compartimentos de bagagem dos aviões.

Tarifas e Protecionismo: Uma Comparação com os EUA

Intitulada “Como funcionaria os Estados Unidos protecionista? Veja o Brasil, onde prevalecem as barreiras comerciais”, a reportagem da repórter Samantha Pearson analisa criticamente o modelo de altas tarifas de importação que vigora no Brasil desde a década de 1930, sob a presidência de Getúlio Vargas. Segundo o jornal, essas tarifas, que têm como objetivo proteger empregos, acabam por elevar os custos de consumo e tornar a indústria nacional menos competitiva.

Após sua publicação, o artigo recebeu uma atualização no título e subtítulo, que agora destacam a relação entre a economia estagnada do Brasil e as tarifas elevadas, sugerindo que, embora essas taxas protejam empregos, elas também tornam a indústria menos eficiente.

Um exemplo claro fornecido no texto é o preço do iPhone, que, mesmo sendo parcialmente produzido no Brasil, custa mais do que o dobro do modelo fabricado na China e vendido nos EUA. Isso também se aplica a automóveis feitos na indústria brasileira.

Preços Elevados e Comércio Internacional

Os dados demonstram como as tarifas de importação criam distorções nos preços de bens no Brasil. O The Wall Street Journal menciona que uma garrafa de champanhe francês Veuve Clicquot custa cerca de US$ 110 no Brasil, enquanto um chá britânico PG Tips é vendido a US$ 53, e um xarope de bordo canadense chega a US$ 35.

As tarifas de importação brasileiras estão entre as mais altas do mundo, com adicionais barreiras cambiais. O artigo também comenta que a política protecionista brasileira, instaurada durante a Segunda Guerra Mundial, visava inicialmente preservar postos de trabalho, mas acabou resultando em preços elevados para os consumidores.

De acordo com o WSJournal, o modelo de proteção implementado não foi eficaz em impulsionar a indústria nacional, resultando em uma queda significativa na participação da indústria de manufatura no PIB, que passou de 36% em 1985 para apenas 14% atualmente. Essa situação é considerada pelos economistas como um exemplo de “desindustrialização prematura”.

Consequências do Protecionismo

Um dos principais responsáveis pelo retrocesso tecnológico no Brasil foi a chamada reserva de mercado de informática, que visava criar capacidade local de produção de computadores e equipamentos eletrônicos. Contudo, a estratégia foi malsucedida, privando gerações de acesso a tecnologia de ponta.

Em uma entrevista, o ex-ministro da Fazenda, Maílson Ferreira da Nóbrega, comparou as ideias de Donald Trump para fortalecer a indústria americana com o pensamento latino-americano pós-Segunda Guerra, que buscava um desenvolvimento econômico similar, mas que não teve sucesso no Brasil.

A reportagem também aponta que, em duas décadas, o Brasil cresceu apenas 2% ao ano, e que sua produtividade laboral é cerca de 25% daquela registrada nos Estados Unidos.

Os Desafios do Mercado Brasileiro

De acordo com o jornal, o Brasil enfrenta desafios significativos em comparação com os EUA, incluindo uma infraestrutura inferior, burocracia excessiva e um sistema tributário complexo. As disputas tributárias no Brasil frequentemente se arrastam por anos, o que pode levar empresas à falência.

A Economia Brasileira sob a Lente do Protecionismo

Trump, por sua vez, isentou temporariamente produtos de tarifas que teriam taxas acima de 10%, exceto aqueles originários da China. O WSJournal observa que o mercado interno do Brasil, embora tenha seus benefícios, também contribui para um desempenho econômico inferior devido ao protecionismo que encarece os produtos. Segundo Alberto Ramos, chefe de pesquisa econômica do Goldman Sachs, essa falta de pressão competitiva resulta na baixa inovação e na dificuldade de redução de custos no mercado brasileiro.

Compras no Exterior

Como resultado das altas tarifas, muitos brasileiros ricos estão dispostos a viajar ao exterior, onde compram produtos a preços significativamente inferiores. Essa diferença de custo é tão acentuada que, segundo o WSJournal, as férias no exterior se tornaram oportunidades para essas pessoas adquirirem itens de luxo a preços mais acessíveis.

Reflexões sobre o Protecionismo

A reportagem conclui que as tarifas protecionistas brasileiras foram concebidas para ajudar indústrias vulneráveis, mas muitas vezes perpetuam a ineficiência. Exemplos como Vale e Embraer demonstram que, apesar de transformações positivas, muitos setores submergiram sob a proteção excessiva.

Ademais, a retórica do governo brasileiro atual, que defende o protecionismo ao mesmo tempo em que clama por mais liberdade comercial no cenário global, reflete uma contradição significativa nas políticas econômicas.

Leia a matéria na integra em: www.poder360.com.br

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