Demolição do Teatro Ventoforte Gera Polêmica em São Paulo

Na última quinta-feira (13), a prefeitura de São Paulo iniciou a demolição das instalações do Teatro Ventoforte, localizado dentro do Parque do Povo, na região do Itaim Bibi, zona oeste da cidade. A ação foi amplamente divulgada nas redes sociais, com imagens de tratores removendo a estrutura do teatro.

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) justificou a demolição afirmando que a área, que abrange cerca de 7.000 metros quadrados, estava sendo utilizada de forma irregular. Diante disso, a secretaria iniciou um processo com o intuito de restabelecer a situação, com o devido consentimento dos responsáveis pela ocupação.

O Teatro Ventoforte, fundado em 1974, no Rio de Janeiro, foi idealizado pelo ator e dramaturgo argentino Ilo Krugli, que se estabeleceu no Brasil nos anos 60. Após a morte de Krugli em 2019, o grupo parou de se apresentar no local, mas o espaço continuou a ser utilizado para diversas atividades culturais promovidas por coletivos independentes.

Conforme a SVMA, os responsáveis pelas atividades foram notificados em 31 de julho de 2023, porém não apresentaram a documentação necessária que comprovasse o direito de uso do imóvel público. Essa situação motivou a desapropriação e a reintegração de posse do espaço.

Valdir Franco, empresário e representante de Claudeir Gonçalves, atual proprietário do Teatro Ventoforte, contestou a versão da prefeitura. Segundo ele, não houve notificação prévia e o processo foi mantido em sigilo. Franco também relatou que, durante a remoção, diversos bens, como quadros e o piano que pertenceu a Ilo Krugli, foram danificados, o que foi negado pela prefeitura, que afirma que todos os objetos foram retirados pelo responsável com a assistência da equipe operacional do município.

A trajetória do Teatro Ventoforte em São Paulo teve início em 1984, quando o grupo se trasladou para a capital paulista, estabelecendo-se próximo à marginal Pinheiros. O local rapidamente se tornou um importante palco para espetáculos e oficinas de formação, consolidando-se como uma referência em arte-educação na cidade.

Apesar de enfrentar ameaças de remoção ao longo dos anos, o Ventoforte continuou a desenvolver suas atividades e a manter viva sua proposta, que é voltada principalmente para o público infantil. A estética do grupo, inspirada na cultura popular latino-americana, destaca-se pelo uso criativo de bonecos, sombras e outros materiais, criando narrativas ricas em simbolismo e poesia.

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