Ajustes nas Tarifas Automotivas nos EUA
Na última segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma nova ordem executiva que visa amenizar os efeitos de suas tarifas para o setor automotivo. A medida inclui a concessão de créditos e alívio em tarifas, trazendo alívio às montadoras e tranquilizando investidores que se mostravam preocupados com as políticas econômicas do governo.
A nova ordem isenta as montadoras de algumas tarifas elevadas e oferece pequenos descontos para aquelas que produzem veículos nos EUA, compensando os custos de peças importadas que enfrentam tarifas mais altas. Além disso, as empresas que importam componentes serão liberadas das tarifas de 25% sobre aço e alumínio. Trump enfatizou a importância dessa flexibilidade: “Queremos apenas ajudá-las [as montadoras] a aproveitar essa pequena transição no curto prazo”, afirmou.
Em sua declaração, Trump destacou que as tarifas não devem gerar um efeito cascata nos custos, ou seja, a alíquota resultante não deve ultrapassar o necessário para alcançar os objetivos políticos pretendidos. Essa medida faz parte de uma tentativa mais ampla de ajustar as políticas de tarifas de forma a não impactar negativamente o setor.
As montadoras poderão receber créditos de até 15% do valor de veículos montados nos EUA, que podem ser utilizados para compensar o custo das peças importadas. Essa mudança é vista como um tempo necessário para as empresas repatriarem suas cadeias de abastecimento, um dos objetivos principais de Trump, conforme informado por um funcionário do alto escalão do governo.
Com relação às tarifas sobre metais, as montadoras terão que pagar a tarifa que for mais alta, seja sobre veículos ou sobre os materiais, garantindo assim um equilíbrio nas medidas taxativas.
Em uma declaração adicional, o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, revelou que um acordo foi fechado com um país para aliviar tarifas “recíprocas”. No entanto, detalhes sobre o país ainda não foram divulgados, pois o acordo aguarda aprovações locais.
Os anúncios recentes elevaram os preços das ações, que haviam sido afetados pelas políticas de Trump que visam forçar a produção a ser transferida para os EUA. O primeiro relatório trimestral sobre o PIB do país sob o governo atual, esperado para ser divulgado, deve revelar um impacto negativo decorrente das tarifas, com um aumento acentuado nas importações, já que empresas e consumidores anteciparam compras para escapar das novas alíquotas.
A Casa Branca tem enfrentado pressão significativa por parte do setor automotivo e das autopeças para revisar sua política de tarifas. A avaliação do mercado é de que, se mantidas, essas tarifas poderiam aumentar o preço dos carros produzidos nos EUA, afetando a competitividade e levando ao fechamento de fábricas.
Executivos de grandes montadoras, como Mary Barra da General Motors e Jim Farley da Ford, elogiaram as novas flexibilizações. “Acreditamos que a liderança do presidente está ajudando a nivelar o campo de atuação”, declarou Barra. Farley também mencionou que as novas medidas “ajudarão a amenizar o impacto das tarifas sobre as montadoras, fornecedores e consumidores”.
No entanto, a incerteza em torno da política comercial ainda gera volatilidade. Lenny LaRocca, da KPMG, ressalta que as montadoras estão otimistas em relação a qualquer isenção, mas permanecem apreensivas sobre a instabilidade e mudanças repentinas nas tarifas.
Trump e Críticas ao Federal Reserve
Durante um discurso em Michigan, enquanto assinava as ordens, Trump também aproveitou para criticar o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. “Entendo muito mais sobre taxas de juros do que ele”, ironizou, demonstrando sua insatisfação com a autonomia do banco central americano.
Trump não hesitou em fazer declarações otimistas sobre seu governo, afirmando que estes foram “os 100 dias de maior sucesso de qualquer governo da história”. No entanto, algumas de suas alegações sobre preços de ovos e gasolina foram rapidamente refutadas por fact-checkers, evidenciando as discrepâncias entre suas afirmações e a realidade econômica.
O presidente também voltou a tocar no tema da imigração, exibindo um vídeo de deportações e criticando a oposição democrata. As declarações foram recebidas com aplausos de seus apoiadores, mas repletas de acusações e vazios em fatos, uma prática notória em suas campanhas.
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