Repercussões das Tarifas Americanas sobre o Aço e o Alumínio Brasileiro
Na semana passada, representantes do governo brasileiro, liderados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, solicitaram que a administração de Donald Trump adić Lane a implementação de tarifas sobre o aço e o alumínio provenientes do Brasil. A expectativa era que esse adiamento proporcionasse uma janela adicional para que ambas as partes pudessem chegar a um acordo, evitando danos significativos às exportações brasileiras.
Pedido de Adiamento
O governo brasileiro pediu um adiamento de pelo menos um mês para a aplicação das tarifas, visando facilitar negociações. Até o momento, não há confirmação se Washington atendou ao pedido. Reuniões bilaterais técnicas estavam programadas para ocorrer nesta semana a fim de discutir o tema.
Impacto e Argumentos
O Brasil está entre os três maiores fornecedores de aço aos Estados Unidos. O governo argumenta que as exportações brasileiras não afetam negativamente a indústria americana; ao contrário, o aço brasileiro seria uma matéria-prima essencial. A expectativa é que a tariffa de 25% resulte em aumento de custos para as empresas dos EUA, impactando sua competitividade.
Especialistas já expressaram preocupações desde a divulgação da medida em fevereiro. O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, descreveu as tarifas como “altíssimas e sem embasamento técnico,” prevendo uma desaceleração nas exportações brasileiras para os EUA. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, ecoou esse sentimento, afirmando que a tarifa tornará mais desafiador o processo de exportação para as indústrias brasileiras.
Reuniões e Acordos Precedentes
O apelo do governo Lula para adiar as tarifas não obteve resposta positiva. A nova medida de Trump revoga acordos anteriores, firmados em 2018, que estabeleciam cotas para exportação de aço brasileiro aos EUA sem tarifas adicionais. De acordo com o Instituto Aço Brasil, essas cotas permitiram que o Brasil exportasse até 3,5 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, sendo que em 2024, 3,4 milhões vieram do Brasil, resultando em significativas divisas para o país.
As exportações brasileiras de alumínio também são relevantes, embora menores. No ano de 2024, o Brasil exportou um total de US$ 267 milhões em alumínio para os EUA, representando quase 17% da produção que foi direcionada para os mercados externos.
Lula e Trump: Divergências e Chamado ao Respeito
No mesmo cenário, o presidente Lula fez críticas logo após a decisão de Trump, enfatizando que a abordagem agressiva do presidente americano não seria eficaz. Ele disse: “Não adianta o Trump ficar gritando de lá, porque eu aprendi a não ter medo de cara feia.” O presidente brasileiro pediu um diálogo respeitoso, enfatizando a importância do respeito mútuo nas relações comerciais.
O discurso de Lula visa ressaltar que as economias dos dois países são complementares e que as exportações brasileiras não devem ser vistas como ameaças às indústrias americanas. Além disso, alertou que o aumento das tarifas resultará em custos adicionais para as empresas dos EUA, que dependem do aço e do alumínio para suas produções.
Próximos Passos
Além do aço e do alumínio, Trump indicou que pretende também aumentar tarifas sobre outros produtos, como o etanol, o que intensifica a complexidade das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O desenrolar dessas negociações e suas possíveis implicações continuam a ser monitorados de perto por analistas e pela comunidade empresarial em ambos os países.
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