A Ousadia de Michael Jackson e Donna Summer em “State of Independence”
Em 1982, enquanto a Disco Music se despedia de seus últimos momentos de glória e o mundo se preparava para a revolução que viria com “Thriller”, Michael Jackson entrou em um estúdio com uma proposta singular: não brilhar sozinho, mas se unir a um coral de vozes imortais. A canção escolhida foi “State of Independence”, uma ousada reinterpretação da dupla Jon & Vangelis, agora sob a batuta da rainha das pistas Donna Summer. O resultado dessa colaboração? Um verdadeiro fenômeno sonoro que exaltava a música como uma força unificadora.
As gravações, que podem ser vistas em raros vídeos de bastidores, transmitem a sensação de um ritual místico, onde Michael Jackson, ainda não coroado oficialmente como o Rei do Pop, canta com uma intensidade espiritual única. Ao seu lado, lendas como Lionel Richie, Dionne Warwick, Stevie Wonder e Kenny Loggins elevam a canção a um estado quase celestial, transformando-a em um cântico de libertação, esperança e unidade.
O coral que se formou naquela sala parecia uma verdadeira utopia vocal. Christopher Cross, Brenda Russell, James Ingram e até a atriz Dyan Cannon uniram suas vozes a esse projeto musical, que mais se assemelhava a um ritual de transição entre diferentes eras da música. Donna Summer, a musa absoluta do disco, guiava o projeto com a firmeza de uma sacerdotisa do groove, enquanto Quincy Jones, o mestre dos arranjos sonoros, entrelaçava todas as vozes com a precisão de um relojoeiro emocional.
É importante ressaltar que Michael Jackson não precisava estar ali. Ele já era uma estrela em ascensão, prestes a lançar um álbum que mudaria o curso da música mundial. Contudo, decidiu participar, não como protagonista, mas como parte de um todo, reforçando seu compromisso com a arte. Este gesto, muitas vezes esquecido, revela o artista por trás do mito: um indivíduo apaixonado pela música, disposto a colocar seu talento a serviço de algo maior — a união através da arte.
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